4
princípios de unidades (in)diretas, mas que, em algum momento se cruzam e revelam
regularidades, ou seja, o que faz com que certos discursos apareçam ou desapareçam em
determinado período. Em virtude disso, notamos que esse dizer sobre educação ainda
sustenta a linha ideológica da revista, voltada para um público que, provavelmente, está
filiado a essa FD de ensino tradicional e confere à
Veja
, por meio do articulista, o status
de projeto de educação ideal, como se todo o esforço desse tipo de mídia estivesse
voltado para a finalidade última da educação: formar sujeitos atuantes na sociedade e
não vender uma imagem de eficiência de ensino. Em virtude disso, mesmo que
tenhamos um currículo extenso sobre os valores da educação, elegemos como
verdade
o
que a mídia estabelece como os caminhos mais seguros e eficazes para uma educação
que, teoricamente, contemple todos os indivíduos do universo escolar.
Nesse sentido, a construção discursiva dos articulistas gira em torno das FDs
da eficiência e da ineficiência na instituição escolar. A eficiência torna-se sinônimo de
produtividade: do professor, do aluno. Essa produtividade representa o exercício de um
determinado poder sobre os indivíduos. Enquanto que a ineficiência reflete a
incapacidade do professor em ministrar aulas e que não sabe usar, nessa lógica,
bons
materiais
O foco do problema: o professor
Thompson (1998) ajuda-nos a compreender que a mensagem transmitida pela
mídia não se resume num fenômeno único, com sentido preciso e transparente para
todos, mas está envolvida numa relação complexa, capaz de renovar os sentidos sempre
que se põe em movimento um mesmo objeto. Para explicitar isso, observemos como
Kanitz assume uma postura agressiva em relação aos professores.
Isso porque existem dois tipos de professor no Brasil: um deles é formado pelos que
corrigem de acordo com o que é certo e errado. São geralmente professores de
engenharia, produção, direito, matemática, recursos humanos e administração. Escrever
que dois mais dois podem ser três ou doze, dependendo “da interpretação lógica do seu
contexto histórico construído das forças inerentes”, não comove esse tipo de professor.
Ele dá nota dependendo do resultado, e fim de papo. (grifo do autor)
Esse articulista categoriza dois tipos de professor: o primeiro atua na área que
privilegia resultados como engenharia, produção, direito, matemática e, é claro,
administração; já o segundo, o articulista deixa que a interpretação do leitor diga a qual