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professor ele se refere. Mas a expressão “escrever que dois mais dois podem ser três ou
doze, dependendo da interpretação lógica do seu contexto histórico construído das
forças inerentes”, deixa transparecer que esse professor lida com linguagens e que é o
causador dos péssimos resultados na educação. Confirmamos isso a partir do trecho:
Mas, para minha alegria, e agora também para a sua, existe outro tipo de professor, mais
humano e mais socialmente engajado, que dá nota segundo o critério do esforço
despendido pelo aluno e não apenas pelo resultado.
O articulista se posiciona de forma contraditória, pois o segundo tipo de
professor lhe é conveniente enquanto aluno, pois se beneficiou com aquele professor
humano. Isso pode ser percebido pela expressão “minha alegria”. A linguagem, ao
contrário, traz consigo múltiplos efeitos de sentido, que é possível fazer mais de uma
leitura, mas não qualquer leitura. Trata-se, portanto, de permitir ao aluno, a
possibilidade de ele refletir sobre seu próprio texto, tornando crítico e, aos poucos, bom
escritor. Outro embate que percebemos no discurso de Kanitz:
Esse dois tipos de professor obviamente não se bicam. É a famosa briga da turma da
filosofia contra a turma de engenharia. São duas grandes visões políticas do mundo, é a
diferença entre administração pública e privada.
Dizer que há rixa entre essas áreas e comparar a administração pública à
privada, é dizer que as instituições de ensino particulares são muito mais eficientes do
que as públicas. Não discordamos totalmente, mas percebemos um discurso que se
inscreve numa FD que defende o ensino privado e com ele, seus
melhores
professores.
Vale ressaltar que temos escolas públicas que superam a qualidade de ensino em
detrimento das particulares, principalmente as universidades federais, anseio dos alunos
dessas escolas eficientes.
De forma mais incisiva, Kanitz nos apresenta possíveis consequências do
despreparo dos professores de tolices: “uma vez formados, os alunos desse tipo de
professor são muito fáceis de identificar. Seus textos são permeados de abobrinhas e
mais abobrinhas, cheios de platitudes e chavões”. Neste trecho, Kanitz define os papéis
dos professores. Dizemos papéis, pois ele mesmo faz distinção para a classe, os bons
são objetivos, os ruins ensinam nulidades. E ainda, os que lidam com as subjetividades
são apontados como os principais causadores da dita crise no ensino brasileiro, pois
fazem uso de uma prática imprecisa, que não dá, segundo o articulista, resultados
concretos. Além disso, observamos que Kanitz acredita que o problema está na
inadequação dos métodos de ensino adotados por esse professor, que não é