Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 439

1. Mestrando do Programa de Pós Graduação em Estudos da Linguagem da UEL – Universidade 
Estadual de Londrina (Bolsista da Fundação Araucária),
 
TIRA II
O contexto da hora de jantar da tirinha expõe a determinação da personagem
Mafalda em decidir impor um limite de fronteira para a permanência de pratos de sopa.
Ela, adotando uma formação
ideológica própria de países que não permitem a presença
de ideologias estranhas à vigente dentro de suas fronteiras
, impõe a proibição de
alimentos que não estejam de acordo com sua “
ideologia
”, ou, melhor, com seu gosto.
A brincadeira com a palavra ideologia explicita a pretensão de intimidar sua mãe antes
de servi-la. Utilizando a ironia do vocábulo no sentido de sistema de idéias (crenças,
tradições, princípios e mitos) sustentadas por um grupo social que defende os próprios
interesses (sejam estes morais, religiosos, políticos ou econômicos) Mafalda valida em
seu discurso o repúdio por elementos estranhos à sua ideologia, ou que possam afetá-la.
Nesse contexto do jantar, percebemos no primeiro quadrinho que a mãe se
utiliza de um alongamento da vogal “e” – “m
eeee
sa”, finalizada a frase com um ponto
de exclamação. No segundo quadrinho, o filho (irmão de Mafalda) é submisso ao
contexto de lavar as mãos antes do jantar com o auxilio do pai, enquanto Mafalda já se
encontra na mesa esperando o que será servido, a fim de o cardápio ser aprovado ou não
por ela. Observando o último quadrinho, notamos que a personagem já tinha o
conhecimento do que seria servido no jantar, intimidando a mãe com sua ideologia.
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