Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 1247

Finalmente, o último argumento usado por Irene vem em forma de pergunta e
levará as jovens a uma reflexão sobre tudo o que conversaram: “Quantas línguas se fala
no Brasil?”. (BAGNO, 2001, p.16)
Tendo em vista a riqueza do texto em foco, encerramos essa parte do trabalho,
ressaltando que não é nossa intenção fazermos uma análise argumentativa exaustiva;
mas, apenas, ratificar, por meio dos poucos fatores abordados, a linha de raciocínio que
adotamos desde o início, isto é, de que a argumentatividade é inerente à linguagem. E
que, conforme afirma Breton (1999, p. 26), “argumentar é raciocinar, propor uma
opinião aos outros dando-lhes boas razões para aderir a ela” (...) é também escolher em
uma opinião os aspectos que a tornarão aceitável para um dado público.” (idem, p. 32)
Para tanto, o locutor utiliza mecanismos formais e conceituais para orientar as
conclusões do interlocutor: “cabe ao ouvinte/leitor estabelecer, entre os elementos do
texto e do contexto, relações dos mais diversos tipos, para ser capaz de compreendê-los
em seu conjunto e interpretá-los de forma adequada à situação” (KOCH , 2000, p. 25).
E em relação ao que denominamos
“pequenas palavras”
, ou seja, os operadores
argumentativos, tencionamos chamar a atenção para o fato de que se consideramos que
a função primordial da linguagem não é a informação, teremos que considerar também
que na própria estrutura do discurso estão elementos lingüísticos dotados de
significação. Elementos esses que bem articulados atendem ao propósito de permitir a
construção de enunciados eficientes, no sentido de convencer e persuadir o interlocutor,
fazendo-o chegar à determinada conclusão. Nesse caso específico, observamos como
alguns operadores argumentativos, “pequenas palavras”, produzindo “amplos sentidos”,
foram cuidadosamente escolhidos para conferirem maior poder de persuasão aos
argumentos, conduzindo, portanto, as interlocutoras de Irene (Silvia, Emília e Vera) a
adotarem o ponto de vista pretendido.
Referências Bibliográficas
BAGNO, Marcos (2001).
A língua de Eulália: novela sociolingüística
. 9. ed. São Paulo:
Contexto.
BRETON, Philippe (1999).
A argumentação na comunicação
. Trad. Viviane Ribeiro.
Bauru: Edusc.
CITELLI, Adilson (1994).
O texto argumentativo
. São Paulo: Scipione.
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