ação procedimentos complexos que utilizam toda a riqueza dos comportamentos
humanos.
Cabe ressaltar que não aprofundaremos, neste ponto do trabalho, a explicitação
sobre tais meios ou mecanismos utilizados para convencer, pois pretendemos fazê-lo,
adiante, na apreciação do texto. Afinal, são eles
os principais responsáveis pelo nível coesivo do texto. Por isso, é insuficiente
considera-los apenas como elementos de ligação, como muitas vezes ensina a gramática
normativa, sendo preciso entendê-los também enquanto instâncias capazes de produzir
significados (...) possuem funções distintas no interior dos enunciados. (CITELLI,
1994, p.36).
Comentários acerca da narrativa
Posto que o
corpus
do nosso trabalho é um capítulo do da
obra A língua de
Eulália: novela sociolingüística
, de Marcos Bagno, cabe falarmos um pouco sobre ela,
bem como destacar alguns pontos relevantes para a confecção de nossa análise.
A referida obra tem como personagem desencadeador do enredo Eulália, uma
empregada doméstica que, mesmo aparecendo pouco na narrativa, é a razão de ser dos
fatos narrados.
Quanto aos outros personagens. Vera é uma jovem de 21 anos, estudante de
Letras; Silvia, da mesma idade, de Psicologia e Emília de 19 anos é estudante do
primeiro ano de Pedagogia. As três são professoras do curso primário no mesmo colégio
em São Paulo. Juntas, as amigas vão passar as férias em Atibaia, na chácara da tia de
Vera: Irene. Esta é uma professora universitária aposentada de Língua Portuguesa e
Lingüística que, apesar de não estar na ativa, continuava trabalhando, estudando,
pesquisando e escrevendo.
O fato de Irene, uma mulher tão culta, admirar a sabedoria de Eulália, uma
pessoa simples que não sabe nem “falar direito”, vai causar espanto nas três jovens que
vão passar as férias na chácara e dar início a uma reflexão sobre uma questão polêmica.
Ou seja, o fato de que, em conformidade com Bagno (2001), a norma culta é apenas
uma das muitas variedades possíveis no uso real da língua e, ainda assim, repudia as
demais manifestações lingüísticas diferentes, estigmatizando-as.
Percebendo o preconceito linguístico das jovens universitárias e futuras
educadoras diante da maneira de falar de Eulália, Irene transforma as férias das garotas
numa espécie de atualização pedagógica, em que as alunas renovam seus conhecimentos
linguísticos. Sempre muito dedicada, Irene se reúne todos os dias com as três