ideia, ou melhor, ao elaborarmos um enunciado, nossa intenção é de transmitir uma
mensagem a alguém, e esta transmissão só se concretiza na interação entre o locutor e o
receptor. No entanto, ao receber um enunciado e interpretá-lo, sem expor tal
interpretação, segundo Jobim e Souza (2008), limita-se à compreensão do que foi
interpretado. A autora supracitada fala que compreensão é uma forma de diálogo, e que
para melhor compreender os significados das palavras do outro, o ouvinte, além de
recorrer a seu próprio referencial de mundo, também deverá expressá-los verbalmente,
pois o sentido de um enunciado não se encontra no locutor nem no receptor, encontra-se
na interação verbal entre ambos.
Bakhtin (1981 apud
JOBIM E SOUZA, 2008) diria que quanto mais
dialogarmos, expondo ideias, maior será a auto-compreensão do conteúdo que
pretendemos comunicar. Sendo assim, podemos dizer que quando o leitor se põe a falar
sobre a história que leu e divide com alguém suas interpretações e sentimentos, poderá
ter melhor compreensão sobre a leitura que faz, pois, ao compartilhar suas ideias e
sentimentos frente à história, pensará melhor sobre elas. Literalmente, Jobim e Souza
(2008, p.112) resume dizendo: “Quanto mais falo e expresso minhas ideias, tanto
melhor as formulo no interior do meu pensamento”.
Visto isso, podemos nos aventurar dizendo que ao se dar conta da
singularidade de interpretações que faz da leitura, o leitor poderia se deparar consigo
mesmo, a partir de suas próprias construções de sentido do que foi lido, pois suas
interpretações teriam muito a dizer sobre ele e sua construção de mundo. Essa relação
literatura-leitor promove conhecimentos que vão além do conteúdo escrito pelo autor,
quando refletidos e transpassados pelo crivo do leitor. Promovendo, então, a construção
de sentidos da linguagem utilizada.
Para tentar tratar desse assunto, podemos passar por critérios básicos do olhar
psicanalítico, considerando que fenômenos como a transferência e o recalque incidem,
naturalmente, sobre a leitura.
Articulando os dizeres de Zimerman (2004) e Etchegoyen (1989), grosso
modo, percebemos a transferência como uma experiência que se repete por uma espécie
de superposição do passado para o presente por meio da significação entre a relação do
sujeito e as influências sofridas nos primeiros anos de vida. A partir daí, constrói-se
uma forma própria, constantemente repetida, de conduzir-se na vida. Desta forma, as