Segundo Iturrusgarai
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, o Homem-Legenda foi surgindo aos poucos, há,
aproximadamente, três anos (2007). Primeiramente, o chargista criou uma série
intitulada "o que as mulheres realmente querem dizer... o que os homens realmente
querem dizer". Nessa série, havia cenas do cotidiano, como num bar, onde o homem
convida uma mulher para tomar uma cerveja, mas, na verdade ele está com outras
intenções
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.
Após essa série, Iturrusgarai decidiu criar um personagem, o Homem-Legenda,
“esse incômodo homenzinho que perturba a todos nós, mentirosos”.
Diante desse contexto, pretendemos observar os efeitos de sentido produzidos
pelas charges do Homem-Legenda, considerando que esses efeitos são produzidos pelas
memórias discursivas materializadas nas charges, pois para que um discurso signifique,
os interlocutores precisam ativar o interdiscurso
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e a memória discursiva
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. Para tanto,
nos embasamos na análise do discurso de linha francesa de vertente pechetiana. Em seus
estudos, Michel Pêcheux trabalhou prioritariamente com o aspecto verbal, portanto,
operamos com as imagens das charges considerando-as como uma materialidade
discursiva.
O conceito de charge
Charge é um estilo de ilustração que tem por finalidade satirizar, por meio de
uma caricatura, algum acontecimento atual com uma ou mais personagens envolvidas.
A palavra charge vem do francês
charger
, que significa carregar, dar carga, no
sentido de exagerar, fazendo referência ao exagero dos traços marcantes da pessoa
retratada. Embora a ilustração seja utilizada na imprensa desde o século XIX, o conceito
de charge é relativamente recente. Apenas no século XX, a charge começou a ser
denominada dessa forma, diferenciando-se da caricatura, que visava retratar apenas
rostos, evidenciando sempre características marcantes da personagem retratada.
Uma das primeiras manifestações caricaturais surgiu em 1832, com o desenhista
francês Honoré Daumier, que fez uma sátira sobre o rei Luis Felipe e, como
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Informações cedidas por Adão Iturrusgarai por e-mail.
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Exemplo de Adão Iturrusgarai por e-mail.
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“O interdiscurso é todo o conjunto de formulações feitas e já esquecidas que determinam o que
dizemos” (ORLANDI, 2005, p. 33).
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Trataremos desse conceito mais adiante.
