Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 368

consequência ficou preso por seis meses. Em seguida, foi obrigado a abandonar a
profissão.
No Brasil, as charges e as caricaturas ganharam destaque apenas a partir do
século XX. Benedito Bastos Barreto, mais conhecido como Belmonte, um dos pioneiros
brasileiros das charges e cartuns, publicava ilustrações no jornal
Folha da Noite
, hoje
intitulado
Folha de S. Paulo
. Foi nesse jornal que, em 1925, Belmonte criou o
personagem “Juca Pato”, concebido careca “de tanto levar na cabeça”, adotou o lema
“podia ser pior”
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.
Nos anos 50 foi editada uma revista, intitulada Caricaturas, cujo conteúdo era
ilustrações sobre a situação política da época. Posteriormente, a charge ganhou espaços
em revistas de informação geral e em jornais.
Com a televisão e a internet, os caricaturistas, chargistas e ilustradores ficaram
conhecidos mais rapidamente, massificando, assim suas críticas e opiniões por meio de
personagens e caricaturas. Dentre os principais e mais antigos alvos dos chargistas estão
os políticos em geral.
Em sua relação com a mídia, “a charge aparece como um ‘texto visual’
relacionado a fatos e acontecimentos políticos. Desse modo, remete a presidentes,
ministros e outras personalidades do mundo político nacional e também internacional”
(ROMUALDO, 2000, p. 21), tendo por objetivo abordar fatos e acontecimentos
específicos a fim de elaborar um comentário crítico.
Segundo o autor, as charges são
textos jornalísticos, assim como os editoriais, artigos assinados e as colunas fixas, que
“objetivam informar e criticar ‘algum fato ou personagem’” (
Idem
, p. 5).
Nesse sentido, podemos dizer que a charge tem por finalidade informar e
comentar. Informar o cidadão sobre o que aconteceu no cenário político, através da
recuperação dos já-ditos (memórias discursivas) sobre o assunto em questão. Conforme
o leitor recupera essas memórias e percebe os comentários do chargista, ele pode (ou
não) reconhecer sua própria voz nesses comentários, já que a charge é essencialmente
comentário de acontecimentos que, de certa forma, pode fazer agir o cidadão e pode
também ser uma reação de cidadão (no caso, o sujeito-chargista).
Por materializar memórias discursivas relativamente recentes, as charges têm a
temporalidade como uma de suas características. Essa temporalidade é marcada por
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Fonte:
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