Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 361

objeto e ao seu interlocutor. Nesse momento, é também a ideologia que confere
naturalidade a esse jogo, endereçando o sujeito a certa região de sentidos e não outras.
Assim, cada uma das propagandas políticas exalta aquilo que seria do interesse
da população, saber sobre o político, conhecer suas ideias e propostas. Mas para isso,
dependendo da posição ideológica de cada sujeito político, de direita ou de esquerda,
será associado o governo de um ex-presidente, pois, para trazer os efeitos de sentidos
pretendidos, é preciso relacionar com outros para constituir um dizer futuro. Dessa
forma, cabe ao telespectador/eleitor, ao assistir as duas propagandas políticas, antecipar
os sentidos, imaginariamente, e direcionar um sentido e não outro.
Com isso, cabe a nós apresentar e fazer uma breve explanação de cada recorte.
Para mostrar esse vídeo, congelamos as imagens e fizemos recortes e transcrições.
Primeiramente, falaremos sobre a propaganda política Do candidato JS. O recorte 1, e
também o início do vídeo, traz a
fotografia de Fernando Collor de Melo
como podemos ver na imagem ao lado.
O narrador começa dizendo: “Este foi
o último presidente desconhecido que
o Brasil elegeu.” Podemos dizer que a
propaganda, não só neste momento
mas como um todo, retoma a memória
discursiva para levar aos efeitos de
sentidos desejados de que JS é o mais preparado para governar o país. Trazer a imagem
de Collor com as marcas lingüísticas de como foi seu governo nos leva a afirmar, pelo
efeito do interdiscurso, além de sua posição ideológica como aliado do partido
adversário, que ele não tinha uma história na política e, por isso, a palavra
“desconhecido”, uma alusão a carreira política tão popular de Serra.
Em seguida, temos o recorte 2 abaixo com os seguintes dizeres: “O estrago foi
tão grande que precisou desse para trazer decência.” Essa sequência discursiva confirma
o sentido de que o ex-presidente Itamar Franco fez um bom governo e foi eleito para
“consertar” os estragos feito no governo de Collor. É preciso recorrer a memória para
atualizar os efeitos de sentido pretendidos, pois o ex-presidente Itamar Franco é aliado
do partido de JS.
Recorte 1
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