Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 370

produzir ‘X’” (ORLANDI, 1996, p. 30) “[...] o que interessa não são as datas, mas os
modos como os sentidos são produzidos e circulam. (ORLANDI, 1996, p. 33).
Nessa perspectiva, trata-se o sentido como um “efeito de sentido” e não um
sentido existente em si mesmo, pois conforme Possenti, (2009, p. 372), “o (efeito de)
sentido nunca é o sentido de uma palavra, mas de uma família de palavras que estão em
relação metafórica (ou: o sentido de uma palavra é um conjunto de outras palavras que
mantêm com ela uma certa relação)”.
Por isso, “os sentidos são produzidos face aos lugares ocupados pelos sujeitos
em interlocução” (FERNANDES, 2007, p.21). Dessa forma, o lugar socioideológico
ocupado pelos interlocutores é que pode determinar o sentido de uma palavra, já que “a
multiplicidade de sentido é inerente à linguagem” (ORLANDI, 1988, p. 20).
Possenti (2003, p. 39) afirma ainda que, para a AD, uma enunciação só terá
sentido na medida em que se inscrever num discurso que lhe é necessariamente anterior.
Dessa forma, para que uma palavra faça sentido é preciso que ela já tenha sentido. “Essa
impressão do significar deriva do interdiscurso - o domínio da memória discursiva,
aquele que sustenta o dizer na estratificação de formulações já feitas, mas "esquecidas",
e que vão construindo uma história dos sentidos” (ORLANDI, 2004, p. 71).
Portanto, para que um discurso signifique, os interlocutores precisam ativar o
interdiscurso e a memória discursiva. Assim, a existência de um já-dito é de suma
importância para a compreensão do funcionamento do discurso e a sua relação com os
sujeitos e com a ideologia (ORLANDI, 2005, p. 32).
[...] o sentido das palavras em um discurso remete sempre a ocorrências
anteriores. [...] qualquer enunciação supõe uma posição, e é a partir dessa
posição que os enunciados (palavras) recebem seu sentido. [...] qualquer uma
dessas posições implica uma memória discursiva, de modo que as
formulações não nascem de um sujeito que apenas segue as regras de uma
língua, mas do interdiscurso, vale dizer, as formulações estão sempre
relacionadas a outras formulações, sendo que a relação metafórica que
funciona como matriz do sentido é historicamente dada. (POSSENTI, 2009,
p. 373)
Memória discursiva
Para Orlandi (2005, p. 31), a memória discursiva é “o saber discursivo que torna
possível todo dizer e que retorna sob a forma do pré-construído, o já-dito que está na
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