fato ele consegue seu objetivo, mas contando muito mais com o apoio da sobrinha
desse homem, a condessa Elisa de Técle. Ela havia ficado viúva muito jovem, por isso
se dedica a cuidar do sogro, do tio e de sua filha Maria.
O conde de Camors acaba realmente se apaixonando pela viscondessa, declara-
se, mas ela decide não assumir seu sentimento por ele, alegando ser mais velha e ter a
incumbência de cuidar de sua família, bem como honrar o nome que carregava. Ela lhe
promete educar sua filha Maria para casar-se com ele, além de ajudá-lo a conquistar a
simpatia de seu tio, com o propósito de conseguir benefícios na vida política.
Deveras é o que acontece, pois o conde torna-se um político engajado em Paris
e desposa a filha de sua amada viuvinha. Porém, na capital francesa retoma os laços
com sua prima Carlota, com quem mantém um caso. Assim, o marquês de Campvallon,
que tanto o ajudara, acaba descobrindo e morre; da mesma forma, a condessa de
Camors, agora sua esposa, e sua mãe sofrem com a situação. No final, Maria, com um
filho nos braços, volta para o campo com sua mãe, deixando o conde em Paris, onde
ainda mantinha o caso com sua prima.
Ele ainda tenta rever seu filho, mas este o rejeita. O conde fica doente e, antes
de morrer, pede que Carlota entregue uma carta a seu filho, da mesma forma que o seu
pai lhe entregara antes de se matar.
Portanto, o tema do adultério contraposto aos valores morais da época também
se repete nessa obra, o que confirma a relação com o texto de Taunay. Mas não é só a
temática que pode ser relacionada: há outros elementos, que comentaremos a seguir.
Esse livro é o predileto da viuvinha Adélia, que possui as mesmas
características da viuvinha de Octave Feuillet, pois as duas aparentam ter a mesma
idade, além do olhar expressivo e da voz sedutora, já que ambas eram cantoras. Para
isso, selecionamos trechos das duas obras, os quais comprovam a comparação:
[...] viuvinha de 25 anos quando muito, arrebatadora, mas... inconsolável. Que quebrar
de olhos tão lânguido, tão insinuante. (TAUNAY, 1878, p.201).
[...]
E Adélia tem uma linda voz. (
id.
,
ibid.
, p.206)
...erguia-se uma voz de mulher pura e grave [...]. Era uma senhora morena, pálida,
elegante, que não parecia ter mais de vinte e cinco anos; o oval um tanto severo do seu
rosto, animavam-no dois rasgados olhos negros que ainda pareciam maiores e mais
vívidos quando cantava. (FEUILLET, 1894, p.101).