Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 963

Tais elementos, evidenciados pela Linguística Textual, são tratados pelos
manuais das avaliações sistêmicas (SEE/Caed, 2009) como indicadores de algumas
habilidades de leitura e traduzidos em “descritores” de habilidades/capacidades que
alimentam a “Matriz de Referência” das avaliações.
O trabalho de leitura na escola, tomado do ponto de vista do desenvolvimento de
habilidades, parece encontrar respaldo em BAZERMAN (2005, p. 32), quando ele
afirma que, para desempenhar uma função, isto é, para ter uma determinada
competência, será preciso “descobrir quais habilidades são necessárias” para isso.
Identificando tais habilidades, será possível determinar o que será necessário aprender
para desempenhar a função com competência. Assim, o texto é tomado no bojo das
ações de interlocução e cumpre funções sociais, os gêneros organizam atividades e
pessoas. Por isso sustentamos, tal Bazerman (2005, p. 32), que:
Se você identificar todas as formas de escrita com as quais um aluno deve se
envolver para estudar, para comunicar-se com o professor e colegas de sala, para
submeter-se ao diálogo e à avaliação, você terá definido as competências, desafios e
oportunidades de aprendizagem oferecidas por essa disciplina.
Da mesma sorte, o conceito de Gêneros Textuais (Bazerman, 2005, p. 31) nos
será útil: “
fenômenos de reconhecimento psicossocial
que são parte de processos de
atividades socialmente organizadas.” Daí que o reconhecimento do que sejam os
gêneros textuais e de como eles se apresentam a nós em sociedade torna-se fundamental
para o professor de língua materna, cujo trabalho consiste, entre outras coisas, ensinar a
ler textos. E parece bastante plausível dizer que a leitura dependerá não só do acesso aos
elementos microestruturais, mas também do reconhecimento de sua função sócio-
comunicativa.
Desse modo, tomamos os estudos de Pinto (1981, p. 85),
apud
ROMÃO, Sídnei
C. G. (2008: 60), quando define a Inferência:
A inferência é uma atividade psicológica e até mesmo, de certa maneira, associativa.
Uma ideia puxa outra, um pensamento conduz a outro. [...] trata-se, pois, de um
processo mental através do qual o sujeito passa de certas proposições dadas
(premissas) a uma nova proposição que dela decorre (conclusão) porque apreende
(capta, pega ou julga perceber) relações existentes (evidentes ou prováveis) entre
explicações e suas consequências.
Nas avaliações sistêmicas diagnósticas, os itens (questões) relacionados a essa
habilidade de leitura “visam a aferir se o aluno é capaz de buscar nas entrelinhas os
1...,953,954,955,956,957,958,959,960,961,962 964,965,966,967,968,969,970,971,972,973,...1290
Powered by FlippingBook