Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 527

Assim, Bakhtin define gêneros discursivos como “tipos relativamente
estáveis de enunciados” (2003, p.262) produzidos por um indivíduo de forma particular
conforme o campo de utilização da língua.
Para Bakhtin,
a riqueza e a diversidade dos gêneros do discurso são infinitas porque são
inesgotáveis as possibilidades da multiforme atividade humana e porque em
cada campo dessa atividade é integral o repertório de gêneros do discurso,
que cresce e se diferencia à medida que se desenvolve e se complexifica em
determinado campo (2003, p. 262).
Portanto, conforme o teórico, o modo de expressar de cada sujeito não
pode ser analisado de forma independente dos gêneros discursivos. Ao selecionar,
combinar, ampliar, transformar determinado(s) gênero(s), de acordo com os
interlocutores, a esfera de atividade em que circula(m) e a relação valorativa com o
conteúdo veiculado, o sujeito escolhe também os recursos textuais, lexicais e
gramaticais. Além disso, por meio de sua expressividade, retoma e modifica a fala do(s)
outro(s).
Assim, é preciso analisar detalhadamente os aspectos sócio-históricos da
situação enunciativos, enfim, a finalidade, o objetivo da enunciação. Principalmente,
verificar a apreciação valorativa sobre seu(s) interlocutor(es) e tema(s) discursivo(s). A
partir deste estudo, devem-se observar as marcas lingüísticas (formas do
texto/enunciado e da língua – composição e estilo) que refletem, no enunciado/texto,
esses aspectos da situação. Ao realizar esse estudo, há possibilidade de entender e
descrever como o texto/enunciado pertencente a um determinado gênero se configura,
no seu aspecto lingüístico e significativo. Note-se que não é apenas uma análise das
propriedades do texto e de suas formas de composição (gramática), buscando as
invariantes do gênero.
Bakhtin afirma que “não se deve, de modo algum, minimizar a extrema
heterogeneidade dos gêneros discursivos e a dificuldade daí advinda de definir a
natureza geral do enunciado” (2003, p. 263). O estudioso diferencia os gêneros
discursivos primários (simples) e secundários (complexos). Segundo o autor, não se
trata de uma diferença funcional. Os gêneros discursivos primários estão ligados às
relações cotidianas, gêneros mais comuns do dia a dia do falante como conversa face a
face, linguagem familiar, cotidiana, etc., em um ângulo mais direto. Os gêneros
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