compartilhadas pelos textos pertencentes ao gênero (autor/enunciador, provável
destinatário, local e época de circulação, provável objetivo da interação).
b) O conteúdo temático: conteúdos ideologicamente conformados - que se tornam
comunicáveis (dizíveis) através do gênero;
c) O estilo: configurações específicas das unidades de linguagem, traços da posição
enunciativa do locutor e da forma composicional do gênero (marcas lingüísticas
ou estilo, organização geral).
Portanto, para Sant’Anna,
um programa escolar na área de Língua Portuguesa, que faz a opção de
trabalhar com o texto como unidade de análise e como objeto a ser
produzido, e que assume o trabalho com os gêneros do discurso como uma
opção adequada e eficiente para a formação de leitores e de produtores
eficientes, necessariamente contemplará esses aspectos sócio-históricos de
que vimos falando, os quais incluem os elementos do contexto da situação
comunicativa como as diferentes imagens construídas sobre o interlocutor,
sobre o lugar social ocupado pelos interlocutores, sobre as instituições sociais
nas quais o texto circulará, sobre os portadores, tudo isso articulado às
características do momento histórico da produção, aos objetivos
estabelecidos e ao gênero no qual o texto deverá ser escrito. (2006, p. 118).
Concordando com Sant’Anna, desenvolveu-se uma prática pedagógica em
que se privilegiou o trabalho com os gêneros discursivos da esfera jornalística, tendo
como produto final a produção de um jornal impresso – Jornal Temas – Racismo. A
presente pesquisa pretende apresentar esse trabalho como sugestão, uma forma de
aprimorar o ensino-aprezndizagem de Língua Portuguesa e Literatura.
ALGUMAS QUESTÕES TEÓRICAS
Muitos estudos têm sido realizados sobre gêneros. Antigamente, o estudo
de gêneros estava relacionado apenas à literatura. Surge, primeiramente, com Platão e
Aristóteles. A tradição poética teve origem em Platão e a tradição retórica, em
Aristóteles. Os estudos bakhtinianos possibilitam outra perspectiva, na área da
lingüística de maneira geral, particularmente, nas perspectivas discursivas.
De acordo com Marcuschi, Bakhtin é um autor que fornece subsídios
teóricos de ordem macroanalítica e categorias mais amplas, podendo ser assimilado por
todos os outros teóricos de forma bastante proveitosa. “Bakhtin representa uma espécie