de bom-senso teórico em relação à concepção de linguagem” (2008, p.152). Dentre as
várias perspectivas teóricas para o estudo dos gêneros existentes no Brasil e
internacionalmente, Bakhtin se encaixa na perspectiva sócio-histórica e dialógica.
É importante frisar que “é impossível não se comunicar verbalmente por
algum gênero, assim como é impossível não se comunicar verbalmente por algum texto.
Isso porque toda a manifestação verbal se dá sempre por meio de textos realizados em
algum gênero” (MARCUSCHI, 2008, p. 1540. Enfim, as atividades humanas estão
relacionadas ao uso da língua, que se efetiva através de enunciados orais e escritos,
concretos e únicos que se originam de uma ou de outra esfera da atividade humana.
Dessa forma, uma maneira de mudar o quadro negativo em relação à
leitura e à produção de textos no Brasil, seria fazer com que os alunos dominassem e
conhecessem o maior número de gêneros, pois, assim, teriam maior facilidade de
compreensão e de produção de textos. Logo, teriam mais possibilidade de atingirem os
objetivos discursivos.
Outra questão importante é diferenciar a noção de tipo textual, de gênero
textual e de domínio discursivo. Marcuschi (2008, pp. 154-155) define esses termos da
seguinte maneira:
Tipo textual
designa uma espécie de construção teórica {em geral uma
sequência subjacente aos textos} definida pela natureza lingüística de sua
composição {aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas,
estilo}. O tipo caracteriza-se muito mais como sequências lingüísticas
(sequências retóricas) do que como textos materializados; a rigor, são modos
textuais. Em geral, os tipos textuais abrangem cerca de meia dúzia de
categorias conhecidas como: narração, argumentação, exposição, descrição,
injunção. O conjunto de categorias para designar tipos textuais é limitado e
sem tendência a aumentar. Quando predomina um modo num dado texto
concreto, dizemos que esse é um texto argumentativo ou narrativo ou
expositivo ou descritivo ou injuntivo.
Gênero textual
refere aos materializados em situações comunicativas
recorrentes. Os genros textuais são os textos que encontramos em nossa vida
diária e que apresentam padrões sociocomunicativos característicos definidos
por composições funcionais, objetivos enunciativos e estilos concretamente
realizados na integração de forças históricas, sociais, institucionais e técnicas.
Em contraposição aos tipos, os gêneros são entidades empíricas em situações
comunicativas e se expressam em designações diversas, constituindo em
princípio listagens abertas. Alguns exemplos de gêneros textuais seriam:
telefonema, sermão, carta comercial, carta pessoal, romance, bilhete,
reportagem, aula expositiva, reunião de condomínio, notícia jornalística,
horóscopo, receita culinária, bula de remédio, lista de compras, cardápio de
restaurante, instruções de uso, inquérito policial, resenha, edital de concurso,
piada, conversação espontânea, conferência, carta eletrônica, bate-papo por
computador, aulas virtuais e assim por diante. Como tal, os gêneros são