As charges 3 e 4 abordam mentiras e promessas sobre a relação do político com
o povo. Na fig. 3, o Homem-Legenda aborda a questão do poder na política. Muitos
políticos falam sobre seus motivos para entrarem na política, sendo, a grande maioria
das razões ligadas ao bem-estar da sociedade, ao bem comum, à vontade de dar aos
mais necessitados melhores condições de vida.
Em relação a essas razões, há uma memória discursiva de que os políticos, em
geral, escolhem essa profissão para melhorar sua própria condição financeira, pelo
status
, pelo poder e/ou pelos privilégios que ela proporciona.
O político tem o poder de decidir, fazer escolhas em nome do povo, pois se foi
eleito é um representante do povo. Através da eleição e do instrumento do voto, cada
cidadão delega sua parcela de poder a um representante político, que, reunindo um
conjunto necessário de votos, adquire representatividade para ocupar um lugar no
governo (Rubim, 2002).
Na fig. 4, o político afirma que pretende voltar àquela comunidade. Essas
atitudes, comuns de políticos, têm por objetivo construir uma imagem de que se
preocupa com as necessidades do povo, de que estará sempre acompanhando os mais
necessitados de perto.
Quanto às falas do Homem-Legenda, remetem à memória de que alguns
políticos só mantêm contato direto com o povo em caso de necessidade, ou seja, em
época de eleições, com o intuito de angariar votos. Essa imagem de político se confirma
por raramente vermos políticos em outras situações, que não de campanha, de contato
com o povo.
Considerações finais
As charges têm como características a temporalidade e a interdiscursividade,
recuperam memórias discursivas de situações recentes do cenário político.
Dentre essas memórias, as que são ativadas em todas as charges Homem-
Legenda, independente do tema abordado, são aquelas recuperadas já no nome do
personagem. Considerando a palavra “Legenda” do nome do referido personagem, logo
nos remete a legendas de filmes, de gráficos, de figuras, etc. A legenda, nesse sentido,
tem por objetivo auxiliar na compreensão de um contexto.