Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 372

mentirosos", aparece como tribo primitiva ou, no melhor dos casos, como corporação
medieval (p. 23).
Courtine (2006) acrescenta ainda que é comum desconfiarmos de um político,
ou qualquer outro indivíduo que se ruboriza, perde a compostura ou falha ao recitar uma
mentira. Presumimos que é necessário excluí-lo e o julgamos incapaz. Esse tipo de
reação torna quase que obrigatório que o homem público seja eficiente na arte da
mentira política.
O autor explica que os partidos políticos surgiram para aplicar os seguintes
princípios: “fazer a mentira obrigatória e produzir mentirosos imperturbáveis, que
mentem melhor do que respiram” (COURTINE, 2006, p. 21).
Embora a mentira conote uma atitude negativa, sabemos que é impossível
vivermos em sociedade se dissermos sempre a verdade, pelo fato de que há sempre
aspectos da verdade que não favorecem as nossas opiniões ou objetivos.
Swift (2006)
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, define a mentira como “a Arte de convencer o povo, a arte de lhe
fazer aumentar as falsidades úteis, e isso para alguma boa finalidade. [...] a chama de
Arte a fim de distingui-la da ação de dizer a verdade, para a qual parece que não há
necessidade de arte” (p. 36).
Charaudeau (2008) definiu a mentira como um ato de linguagem que obedece a
três condições:
(i) o sujeito falante diz, enquanto enunciador (identidade discursiva), o
contrário daquilo que sabe ou julga como indivíduo pensante (identidade
social); (ii) ele deve saber que aquilo que diz é contrário ao que pensa (não
há, nessa perspectiva, mentira que seja involuntária); (iii) ele deve dar a seu
interlocutor signos que o façam crer que aquilo que ele enuncia é idêntico ao
que ele pensa. (CHARAUDEAU, 2008, p. 105)
Quanto à mentira política, Swift (2006) as distingue em diferentes espécies: a
mentira de adição; a mentira difamatória e a mentira de translação.
A mentira de adição “dá a um grande personagem mais reputação que de fato lhe
pertença; e isso para colocá-lo em estado de servir a alguma boa finalidade ou a alguma
intenção que se tem” (SWIFT, 2006, p. 40).
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O texto foi atribuido a Jonathan Swift, portanto, utilizaremos esse nome para as referências a esse texto,
assim como utilizaremos o ano de publicação da última edição.
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