S (prego)
Ov (justiça e adequação); S (martelo)
Ov (
dever
bater corretamente)
valor descritivo
valor modal
A partir dos enunciados de estado apresentados, podemos deduzir do
texto os programas narrativos, que integram os estados e as transformações presentes.
Isto posto, voltemos à pressuposição inicial, de que para a realização da
performance
foi
necessária a aquisição de uma competência. Daí depreendemos um programa narrativo
segundo o qual ficaria estabelecido um acordo entre o prego e o martelo para a
realização de determinada tarefa, conforme já foi mencionado.
F (fazer acordo) [S1(prego)
S2 (martelo)
Ov (
dever
bater no prego corretamente)]
5
Como não é o programa principal do texto, dizemos que este é um
programa de uso. É também um programa de doação da competência dever fazer, do
prego para o martelo. Em seguida, inicia-se o texto com a o programa de
performance
:
“o martelo passa o tempo todo batendo no prego”.
F (bater no prego) [S1(martelo)
S2 (martelo)
Ov (poder e domínio)]
Este sim é o programa principal do texto, ou programa de base.
Podemos dizer também que é um programa de apropriação pelo martelo do objeto-valor
descritivo poder e domínio.
Em seguida, temos os versos “Um dia / o prego se cansa”, que
revelam a insatisfação, ainda que projetada para um momento futuro, do prego em
relação à performance do martelo. Temos, então, um programa de interpretação, no qual
o prego julga o martelo por meio da verificação de suas ações e dos valores com os
quais se relaciona. Ao sentir, efetivamente, que o martelo não bate corretamente, mas o
tempo todo, o prego constata o não cumprimento do acordo inicial.
F (verificar cumprimento do acordo) [S1(prego)
S2 (martelo)
6
Ov (bater no prego
corretamente)]
Por fim, temos os dois últimos versos “e lança sua ponta afiada / na
pança do martelo”, que constituem um programa narrativo de sanção ou de retribuição.
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5
F = função; S1 = sujeito do fazer;
= transformação; S2 = sujeito de estado.
6
= disjunção