alguns entrevistadores), a análise aponta um policiamento maior da interação por parte
da bancada que aquele observado na entrevistada anterior. Observe o emprego de
expressões metadiscursivas em (7), que dizem respeito ao controle dos tópicos a serem
tratados, mediante a indicação do processo dialógico que envolve locutor e interlocutor:
(7) MS: (...) o bilhete único você tinha que explicar como usa você quer que faça “hoje tem bilhete único
na cidade” a população mesmo explicando do jeito que a gente explicou as pessoas não sabiam
onde iam comprar:: como usa::va… tem que fazer essa essa essa comunicação com
[
EC:
deixa eu
te dizer uma coisa o Markun registrou muito bem no início do programa
que a senhora é muito
BOA comunicadora que se expressa bem na televisão que a senhora dá um banho em todo mundo
[
MS: ahm
EC: mas
a gente está percebendo no programa que a gente faz uma pergunta a Senhora desvia da
resposta e vai falar das coisas que fez na prefeitura
(lin. 2366-2372)
De forma análoga ao observado no exemplo (1), retirado da entrevista com José
Serra, Marta Suplicy vinha aproveitando a etapa do programa para narrar suas
conquistas e desafios à frente da Prefeitura de São Paulo, argumentando a partir de
“fatos” e reforçando estrategicamente a imagem de uma administradora experiente, na
medida em que vem trazendo à memória dos telespectadores um dos pontos mais bem
avaliados de sua administração: a elaboração do “Bilhete Único”. Diferentemente
daquela entrevista, no entanto, em que por muitas vezes o redirecionamento tópico é
aceito pela bancada, a entrevistadora denuncia, metadiscursivamente, a estratégia da
entrevistada (
a Senhora desvia da resposta
). Cumpre destacar, primeiramente, que em
momento algum esse recurso é empregado pela bancada de maneira tão explicita na
entrevista com José Serra. Além disso, conforme tendência da entrevista em análise, a
candidata tende a aceitar com certa passividade o assalto ao seu turno, algo inverso ao
registrado na entrevista anterior (Serra, em geral, continua falando).
Considerando a posição de Fairclough (
op. cit.
), de acordo com a qual as
convenções de polidez reconhecem relações de poder particulares, os ataques à face da
entrevistada vão ratificando a posição de acordo com a qual a bancada faz valer, nesta
entrevista, muito mais o seu poder sócio-institucional que na entrevista anterior, o que
vem a ser decisivo para a performance da entrevistada, bastante cerceada na
apresentação de seus feitos e propostas. Nesse contexto, é significativo o exemplo (8):
(8) MS: aliás acho que o seu candidato tem muito mais chance de sair para presidência do que eu para
prefeitura…
