Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 14

do discurso para apoio ou refutação de argumentos ou mesmo para preservação de face”
no interior do grupo reservado “às instâncias co-produtoras do texto”.
A Análise Crítica do Discurso
Foi na década de oitenta que, sob o impulso de Norman Fairclough, emergiu a
Análise Crítica do Discurso (ACD), baseada em uma concepção da linguagem como
parte integrante e irredutível da vida social.
De modo análogo ao que Fairclough considera ser o objetivo fundamental de
uma análise crítica, e com a mesma preocupação em relação a uma teoria que seja ela
mesma uma prática emancipatória, a qual permeou todo o percurso teórico e
metodológico da Teoria Crítica, Van Dijk (1999, p. 24) define a ACD como “um tipo de
investigação analítica sobre o discurso que estuda primariamente o modo como o abuso
do poder social, o domínio e a desigualdade são praticados, reproduzidos e
ocasionalmente combatidos pelos textos e falas no contexto social e político”.
Diferentemente de Fairclough (2001), no entanto, cujos esforços concentraram-
se em apresentar um modelo de análise crítica (a “Teoria Social do Discurso”), Van
Dijk (1994) faz questão de afirmar que a ACD não deve ser entendida propriamente
como uma “escola”, mas como a busca de “uma perspectiva mais ou menos crítica em
áreas tão diversas como a pragmática, a análise da conversação, a retórica, a
sociolingüística interacional, dentre outras” (p. 23). Nesse sentido, fica evidente que o
autor busca estabelecer um
continuum
entre a Lingüística Textual, bem como nas
demais perspectivas parelhas, e a ACD.
Considerando os grupos dominantes aqueles que detêm o controle dos grandes
veículos de comunicação de massas, fundamentais para que as pessoas realizem suas
atividades reflexivas, bem como o acesso à manipulação e ao uso de estratégias
discursivas de dominação, em um cenário no qual a linguagem ocupa o centro do modo
de produção do sistema capitalista, tem-se, de acordo com Van Dijk, que
o discurso e a comunicação se convertem então nos recursos principais dos grupos
dominantes. Por meio de um estudo do discurso, pode-se conseguir compreender os
recursos de dominação utilizados pelas elites, pois estas têm um controle específico
sobre o discurso público. É um poder que permite controlar os atos dos demais, define
quem pode falar, sobre o que e quando. (...) o poder das elites é um poder discursivo
uma vez que, por meio da comunicação, há o que se denomina “
uma manufatura do
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