Na realidade, os entrevistadores ferem, por tantas vezes, as convenções de polidez
na interação com a entrevistada que essa tendência chega a ser mencionada
metadiscursivamente por um membro da própria bancada, Salomão Schvartzman (SS),
também via referência ao processo dialógico:
(11) SS: é normal que os candidatos… éh sobretudo os que têm chance de chances de vitórias sejam
submetidos a esta
a esta verdadeira roda viva de entrevistas de debates na TV mas eu eu notei
um certo tom de deboche… por parte de alguns participantes
que têm a tendência de tratá-la
como uma mulher deslumbrada com a política governando uma das cidades mais importante do
mundo… (lin. 1498-1502)
Considerações Finais
Com a análise dos dados fica comprovada a hipótese central assumida, de acordo
com a qual as expressões metadiscursivas apresentam-se como procedimentos verbais
que ancoram o desenvolvimento de estratégias argumentativas, sejam as provas
objetivas ou subjetivas, estas referentes à construção da imagem do locutor.
Paralelamente, a partir da análise e descrição dos usos e funções do metadiscurso
na língua falada, diversas ocorrências que se apresentaram entrelaçadas tanto com a
metadiscursividade quanto a alguma estratégia textual-interativa em particular,
ratificando outra hipótese levantada anteriormente, embora, conforme pudemos
perceber, tal intersecção seja parcial, e não plena.
Considerando a posição assumida por Van Dijk, no interior da ACD, a
constatação de que as expressões metadiscursivas exercem a função de ancorar o
desenvolvimento de estratégias argumentativas implica a atribuição de um papel de
destaque ao metadiscurso no estabelecimento das relações de poder ao longo do curso
interacional. Concordamos, assim, com a posição assumida por Fairclough (2001,
p.157), segundo a qual o metadiscurso “implica que o falante esteja situado acima ou
fora de seu próprio discurso, e esteja em uma posição de controlá-lo e manipulá-lo”.
Tal afirmação ganha ainda mais força a partir da comparação entre as entrevistas
analisadas. Na realidade, a comprovação de que Marta Suplicy foi muito mais
“controlada” que José Serra, especialmente por meio do emprego, por parte da bancada
de entrevistadores, de procedimentos metadiscursivos, fato esse que comprometeu o
desempenho da candidata, permite-nos ainda apontar outra constatação: o metadiscurso
