Memória dos Catadores de Materiais Recicláveis de Assis (2001-2007)
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Entrevistadoras:
Que tipo de trabalho você desempenha aqui?
— M.E.M.S.
: Atual? Bom, aqui eu trabalho em várias funções. Eu trabalhava na prensa e
na (...)
coleta. Eu trabalhava no caminhão do mercado, porque na prensa me machuquei,
agora estou aqui dentro.
Entrevistadoras:
E antes de trabalhar aqui na Cooperativa?
— M.E.M.S.
: Antes eu era cozinheira.
Entrevistadoras:
Agora a gente vai fazer mais umas perguntinhas. Você veio de
Pernambuco. Morava onde lá?
— M.E.M.S.
: Lá eu morava em Olinda.
Entrevistadoras:
Você mudou para cá com que idade?
—M.E.M.S.
: Mudei com 21 anos. Não vim direto para cá, vim para Sorocaba. De Sorocaba
eu vim para cá. Está com sete anos que eu moro aqui.
Entrevistadoras:
Sete anos que você tá aqui em Assis....
— M.E.M.S.
: Aqui em Assis eu não tive opção de serviço em lugar nenhum, porque não
tenho conhecimento, entendeu?
Entrevistadoras:
E porque você veio de lá para cá, o que aconteceu?
— M.E.M.S.
: Vim por desilusão de família. Perdi meus pais. Os irmãos, cada um foi para
um canto. Por causa de herança.
Entrevistadoras:
Brigaram?
— M.E.M.S.
: Eles sabiam que eu era adotada e a mãe deles me criou, né? O nosso pai era
o mesmo, mas a mãe deles me criou.
Entrevistadoras:
Ah! E você descobriu isso com qual idade?
— M.E.M.S.
: Eu vim descobrir eu estava com 23 anos.
Entrevistadoras:
E aí foi quando você mudou?
— M.E.M.S.
: Quando eu perdi meus pais aí eu vim embora, com 21 anos. Aí eu conversei
com o meu tio e ele falou que eu era só filha do meu pai, do irmão dele né?
Entrevistadoras:
E aí você escolheu vir para Assis?
— M.E.M.S.
: Aí eu vim embora, aí trabalhei em Sorocaba seis anos em cozinha industrial,
aí vim aqui para Assis e resolvi ficar. E, não tive opção de serviço, vim achar aqui na
Cooperativa.
Entrevistadoras:
Em Assis você só trabalhou aqui?
— M.E.M.S.
: Só trabalhei aqui.
Entrevistadoras:
Você foi criada pelo seu pai e sua mãe. Como era essa relação?
— M.E.M.S.
: Não conheci minha mãe biológica. Minha mãe é bem de vida. Cheguei a ver,
mas não quis falar. Foi a primeira vez que eu fui covarde na minha vida.
Entrevistadoras:
Mas essa ligação com seus pais era boa?
— M.E.M.S.
: Não, com meus pais era bom, apesar da ignorância, como criou a gente,
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