Memória dos Catadores de Materiais Recicláveis de Assis (2001-2007)
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ali para avaliar, avaliasse que eu não estava sendo uma boa cooperada, sei lá, eu não
seria diretora. É muita responsabilidade. Eu acho que você tem que gostar realmente do
que você está fazendo e entender o que você está fazendo na Cooperativa.
Entrevistadoras
: Isso gera um reconhecimento?
— C.S.C.
: Isso gera reconhecimento, isso demanda o trabalho, você puxa o trabalho, e
saber que é dali, que é daquela pet, daquela latinha, daquele papel que você está deixando
passar e ir embora, que é dali que você está tirando sua retirada, que você está tirando seu
sustento. Porque, enquanto você não aprender que você está tirando seu sustendo dali,
você não vai dar valor ao que você faz. É tão simples você chegar aqui na Cooperativa às
sete e meia da manhã, pelo simples fato de chegar aqui, e ir embora seis horas da tarde e
seu dia está ganho. Tem que chegar aqui sabendo o que você veio fazer aqui; que é nosso
isso aqui. Você tem que entender que seu sustento você vai tirando do material que você
vai buscar na rua. Então, foi tudo uma construção para mim. Até chegar à diretoria.
Entrevistadoras
: Faz quando tempo que você está na direção?
— C.S.C.
: Faz três anos. Até já venceu e vai ter novas eleições.
Entrevistadoras
: Na sua época teve eleição, então?
— C.S.C.
: Teve eleição em 2008, foi onde eu entrei.
Entrevistadoras
: Os cursos e treinamentos de capacitação que vocês fazem são somente
para o pessoal da diretoria ou são para todos os cooperados?
— C.S.C.
: Olha, é assim, quando eu entrei a gente fazia uma capacitação, conforme ia
chegando pessoal novo, a gente dividiu o grupo. Vamos supor que dava trinta pessoas,
a gente dividiu o grupo em quinze, e esses quinze iam no sábado para a Unesp fazer a
capacitação. Você chega aqui, sem saber o que é uma cooperativa, igual [o meu caso]
que cheguei aqui pensando completamente diferente. Então, outras pessoas também. As
vezes chega aqui pensando que veio para cá pelo simples fato de pagamento no final do
mês. Então, esse processo de capacitação, ele vinha acontecendo dessa forma. Tinha
trinta pessoas que eram divididas em grupo de quinze pessoas a ir num sábado para
Unesp. Depois, as outras quinze iam no outro sábado. É uma capacitação para ajudar os
que chegaram. O que é trabalhar em conjunto. A gente sempre vai está ali junto, e saber
que você não está fazendo nem mais nem menos que eu. Saber que a gente trabalhando
em conjunto é tudo nosso, que tudo é dividido em partes iguais. Então, a capacitação, ela
acontece com todos.
Entrevistadoras
: Essa capacitação é importante para criar esse vínculo coma Cooperativa,
para criar uma consciência na pessoa, não?
— C.S.C.
: Isso, saber realmente o que é a Cooperativa, saber realmente o que que a
pessoa está fazendo aqui. E tem também os cursos de liderança, que a gente faz, que
só diretor não dá conta de demandar tudo. Então, quando tem esses cursos, eles são
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