Memória dos Catadores de Materiais Recicláveis de Assis (2001-2007)
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— A.P.S.
: Muito difícil. (risos). Eu acredito em Deus, né... E religião todo mundo tem, né,
mas frequentar fica difícil, né... Seguir aquela religião.
Entrevistadoras
: E você tem algum sonho, algum objetivo que ainda pretende cumprir?
— A.P.S.
: Acho que agora não. (risos) Agora tenho que só trabalhar.
Entrevistadoras
: Já teve algum sonho?
—A.P.S.
: É, sonho a gente sempre tem. Mas agora só trabalhar, né. Pedir a Deus para dar
saúde, trabalhar, né... Vê os netinhos (risos)...
Entrevistadoras
: Você chegou a visitar a exposição de fotos que teve lá na Unesp?
— A.P.S.
: Não, acho que eu não fui lá não. Vi umas fotos que a Ana tem no álbum. Ela
mostrou para a gente.
Entrevistadoras
: Você acha que é importante você estar falando aqui para gente o que foi
essa experiência na Cooperativa?
—A.P.S.
: É, porque se a gente não falar ninguém vai saber, né... Ninguém vai ficar sabendo.
Quanto tempo a gente está aqui, se entrou hoje, se entrou ontem. Se está aqui todo esse
tempo é porque é bom, né... Se não fosse bom não estava.
Entrevistadoras:
Bom, Dona Cida, acho que é isso.. (risos)
*
3. Relato:
Creuza Soares Cardoso
Data da 1ª entrevista: 12/2010
Transcrição:
Pedro Henrique Victorasso (2010)
Entrevistador
: Fale um pouco da sua infância, como foi?
— C.S.C.
: Bom, eu com dois anos de idade, meu pai se separou da minha mãe. Ficou
minha mãe e mais sete filhos. Com doze anos eu saí da escola para trabalhar de babá,
pois não consegui estudar e trabalhar, então, saí da escola. Trabalhei para ajudar em casa.
Entrevistador
: Teve algum outro trabalho?
— C.S.C.
: Sempre trabalhei de doméstica.
Entrevistador
: E o estudo parou por aí?
— C.S.C.
: Sim, parou por aí.
Entrevistador
: Sobre o contato com os seus pais?
— C.S.C.
: Com o meu pai eu não tive contato nenhum. Eu fui ter contato com meu pai com
vinte e três anos, quando eu estava grávida da minha primeira menina.
Entrevistador
: E sua mãe?
— C.S.C.
: Minha mãe já morreu, sempre morei com ela e nós nunca tivemos contato com
meu pai.
Entrevistador
: Há alguma passagem de sua vida que queira falar?
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