Zélia Lopes da Silva (Org.)
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separados. Tem o curso de capacitação que é para capacitar as pessoas e tem os cursos
de liderança, onde vai toda a diretoria, o conselho fiscal e todos os coordenadores. Aí, sim.
Mas a capacitação tem, sim.
Entrevistadoras
: E o que vocês aprendem nesses cursos de liderança? É mais questão
de mexer com conta?
— C.S.C.
: Tudo. Sobre como mexer com as coisas burocráticas, sobre a demanda do
trabalho, sobre vendas, tudo a gente aprende. Ou seja, como ser um líder no grupo.
Entrevistadoras
: Para você, como mulher, o que significa estar hoje num papel importante
na Cooperativa, de primeira secretária, tem algum significado especial?
— C.S.C.
: Não sei. Eu acho que não, por eu estar à frente da direção. Porque você está
na diretoria não quer dizer que você é maior que eu, não quer dizer eu sou mais do que o
meu amigo do lado. Não sou mais que ninguém. Continuo sendo catadora, apenas eu só
estou dando continuidade. Aliás, eu estou de coordenadora, primeira diretora, eu só estou
coordenando o grupo inteiro, entendeu? A demanda de trabalho, às vezes, sobrecarrega
a gente. Então, o trabalho só aumentou para mim. Então, eu acho que eu continuo ainda
dentro do projeto da Cooperativa com mais responsabilidade. Ser diretora ou ir para a rua
empurrar carrinho não mudou nada, continuo catadora. Se for preciso ir para a esteira,
subo para esteira. Se for preciso ir para a rua, vou para a rua. Então, não mudou nada não,
é mais responsabilidade.
Entrevistadoras
: E isso não causa problema com os homens? Não tem alguma
diferenciação?
— C.S.C.
: Não, nenhuma. Que aquilo que eu te falei, isso daí a gente vai construindo, e a
gente aqui é tipo um olheiro. Você vai olhando, você sabe quando a pessoa está evoluindo.
Nossa! Vamos investir naquela pessoa que está aqui dentro, que está sabendo o que quer
e está gostando do projeto. Então, vai dar resultado, vai dar continuidade.
Entrevistadoras
: Hoje, fazendo um balanço, quais são as contribuições econômicas e
profissionais para você, depois de sua vinda para a Cooperativa?
— C.S.C.
: No profissional, eu adquiri muito conhecimento. Hoje, em qualquer lugar que
eu chego, através da Cooperativa, as portas estão abertas. Antigamente, eu chegava no
banco, imagina que eu ia conseguir falar com o gerente rapidinho, nunca, hoje não. Hoje,
a gente tem acesso. Vai à Prefeitura e quer falar com fulano de tal e já fala. Se chego no
banco e eu preciso resolver isso aqui com urgência você é bem atendida, tudo através
e mérito da Cooperativa, não eu Creuza. Isso aí é mérito da Cooperativa. Então, o que
mudou foi isso. Agora no econômico...
Entrevistadoras
: No econômico, você tem uma vida um pouco mais tranquila, hoje, com
suas filhas, do que na época em que você estava com seu marido e, depois, quando foi
mudar para Marília?