Zélia Lopes da Silva (Org.)
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— A.P.S.
: É boa!
Entrevistadoras
: Boa?
— A.P.S.
: É...(risos)
Entrevistadoras
: Ele trabalha, também?
— A.P.S.
: Trabalha...
Entrevistadoras
: ... aqui?
— A.P.S.
: Não.
Entrevistadoras
: Não?
— A.P.S.
: Ele trabalha em outra coisa.
Entrevistadoras
: Então, você mudou de Echaporã pra cá por uma questão do trabalho?
— A.P.S.
: É, do trabalho, porque eu trabalhava lá na roça né e ele vinha fazer feira, né. E
ele vinha sozinho, então não dava conta. Ele falou “Vamo mudar pra lá, que daí nós dois
vamo trabalha né...”. Daí ficou nós dois trabalhando na feira, quando não deu mais, aí nós
paramos.
Entrevistadoras
: Mas você começou a trabalhar desde criança?
— A.P.S.
: Desde criança, desde os sete anos.
Entrevistadoras
: Desde os sete anos?
— A.P.S.
: Desde os sete anos.
Entrevistadoras
: Na roça mesmo?
— A.P.S.
: Na roça mesmo. Eu não aguentava com a enxada, então a gente ia, arrancava
mato do pé de feijão, do amendoim, com a mão e ia tocar as galinhas para não comer a
flor do feijão... Fazia alguma coisa, né...
Entrevistadoras
: Então, foi uma infância...
— A.P.S.
: Né que não teve nem infância, né...
Entrevistadoras: Não teve... Foi mais...
— A.P.S.
: Antigamente...
Entrevistadoras
: De trabalho, né..
— A.P.S.
: É, as pessoas trabalhavam muito novas, né... A maioria, né...
Entrevistadoras
: E... E você foi criada pelos seus pais..?
— A.P.S.
: Fui.
Entrevistadoras
: Pai e mãe?
— A.P.S.
: Pelos meus pais. Pai e mãe. Eles morreram faz pouco tempo.
Entrevistadoras
: E o que é que você pode contar pra gente dessa relação com o seu pai
e com a sua mãe? A convivência...
— A.P.S.
: Ah, era boa, né... Aquele tempo lá, a gente obedecia o pai, a mãe. Não fazia o
que faz hoje, né.. (risos) Foi bom! Deu educação, né. O que eu sei hoje, devo a eles... Era
bom...
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