Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 780

outro domínio (ora das relações entre os sujeitos, ora destes com as máquinas, ora destas entre si),
bemcomo entre interação e interatividade.
Para Nicoleta Vittadini (
apud
MIELNICZUK, 2000, p. 2), por exemplo, há uma diferença
essencial entre interação e interatividade: enquanto a interação seria qualquer ação que envolve dois
ou mais sujeitos, a interatividade demandaria a mediação exercida por certas configurações
tecnológicas, numa tentativa de reprodução da relação interpessoal quando esta é impedida pelas
limitações de tempo e espaço.
Outro parâmetro para o entendimento é o percurso traçado porAlex Primo (1998) para uma
espécie de ‘trajetória’ do termo interatividade, das primeiras discussões sobre a relação entre os
participantes da comunicação até algumas definições correntes na atualidade. Em resumo, ter-se-ia
da dinâmica linear, consecutiva e de mão única, com primazia da instância emissora
11
(como nas
primeiras abordagens de Shannon & Weaver
12
) até uma compreensão menos linear da
comunicação, em que todos os participantes do processo, como emissor, receptor, canal e a própria
mensagem, passam a ser elementos atuantes, ou seja, há mútua influência entre os sujeitos agentes
da interação.
A interatividade, portanto, não pode ser pensada de maneira limitada, como uma simples
relação de
ação─reação
, como geralmente se tem visto em associações apressadas na atualidade
(Primo, 1998). Também é estabelecer contornos bastante limitados para ela considerar que
determinadas formas de ‘participação’ do receptor sejam efetivamente ações interativas, como
ocorre, por exemplo, em alguns programas televisivos e radiofônicos em que um leque de respostas
preestabelecido é disponibilizado para o público, condicionando suas possibilidades de atuação.
Nestes casos, os parâmetros são dados pelo programa/emissora, cabendo ao ouvinte simplesmente
atender ou não ao chamado, mas respeitando os parâmetros já delimitados. Ou seja, como bem
ressaltamMoraes e Barreto (2005), “quando a escolha for feita pelo receptor, uma escolha, de fato,
já foi feita anteriormente”.
Nestes casos, ter-se-ia o que Arlindo Machado (1990,
apud
Primo, 1998), tendo como
modelo o ambiente informático, classifica como
sistemas reativos
, ou seja, aqueles que trabalhariam
com uma gama pré-deteminada de escolhas, ao contrário dos
sistemas interativos
, em que o
11
Em toda a discussão sobre interatividade, será mantido o uso de termos como emissor, receptor,
emissão etc., conforme são empregados pelos autores discutidos. Ressalte-se, porém, que eles
apresentam suas considerações tendo um ponto de vista sobre o processo comunicacional diferente
daquele que se efetiva na presente discussão ― que é o da comunicação dialógica ―, daí o fato de,
neste estudo, empregarmos outros termos, como sujeitos do discurso, falante, ouvinte, destinatário etc.
12
Cf. SHANNON,C.; WEAVER, W.
The mathematical theory of communication
. Urbana, IL:
University of Illinois, 1962.
1...,770,771,772,773,774,775,776,777,778,779 781,782,783,784,785,786,787,788,789,790,...1290
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