Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 777

ouvinte no estúdio (ORTRIWANO, 1998). Como afirma Eduardo Meditsch, o rádio foi o primeiro
meio a lançar mão das transmissões em tempo real e a realizar muitos dos procedimentos hoje
associados à idéia de interatividade, como o
zapping (
MEDITSCH, 1997)
.
Na atualidade, os
mecanismos mais comuns são os que permitem o contato com as equipes de produção dentro das
emissoras (telefonema, carta, e-mail, presença nas redações etc.) ou a participação efetiva (presença
no estúdio de transmissão ou telefonema para ele quando da apresentação de programas).
O rádio é uma mídia sonora que articula e integra diversos sistemas sígnicos, quais sejamos
códigos verbal, sonoro e musical
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. Tais componentes, na configuração da mensagem radiofônica,
perdem sua unidade isolada e só podem ser observados e compreendidos atuando em conjunto no
meio acústico em que o discurso se realiza e cujo elemento ordenador é o tempo. Em vista disso, a
constituição do enunciado se dá como numa espécie de ‘mosaico’, no qual todos os elementos
(sonoros+musicais+verbais) articulam-se simultaneamente.
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Além disso, a mídia radiofônica caracteriza-se tecnicamente como processo de transmissão
e recepção por meio de ondas sonoras e uso de aparelhos específicos (transmissor/receptor), o que
acarreta uma emissão exclusivamente sonora e uma recepção auditiva. Disso decorre uma das
principais facetas da comunicação radiofônica, que é a de parecer falar com cada ouvinte em
particular, ainda que se dirija concretamente a um universo relativamente indeterminado de pessoas.
É justamente daí que o rádio tira parte essencial de sua força se comparado aos outros meios de
comunicação tradicionais.
Adifusão radiofônica é coletiva, pois o rádio é ummeio de comunicação de massa, ou seja,
sua produção se dirige a um número indistinto de sujeitos. Apesar dessa real dinâmica de
transmissão “um para muitos”, os efeitos das mensagens são, porém, individuais, ou seja, afetam
isoladamente cada indivíduo ouvinte.
Certamente o rádio expande, exteriormente, em amplidão, satisfaz uma necessidade de massa e se
dirige, visto exteriormente, à massa. Mas os seus efeitos são, em sua essência mais profunda,
individuais, i.e.
o rádio leva para a vivência isolada
, não para a vivência coletiva, de forma semelhante
ao livro ou ao jornal. Embora ele possa contribuir para uma
experiência
coletiva (entendida aqui como
diferente da vivência) [...] mesmo neste caso o efeito é uma vivência individual. (SPERBER, 1980, p.
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Embora a música também seja som, diferencia-se a linguagem sonora da linguagem musical porque
os tipos de signos que as constituem são diferentes, bem como se organizam de maneira própria. No
caso especificamente do rádio, a música e os efeitos sonoros também desempenham papéis diversos e
importantes na produção e na significação da mensagem, daí a preferência por apresentá-las como
componentes distintos, ainda que integrados no discurso radiofônico.
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“[...] a linguagem radiofônica é o conjunto de formas sonoras e não sonoras representadas pelos
sistemas expressivos da palavra, da música, dos efeitos sonoros e do silêncio, cuja significação vem
determinada pelo conjunto dos recursos técnicos/expressivos da reprodução sonora e o conjunto de
fatores que caracterizam o processo de percepção sonora e imaginativo-visual dos ouvintes.”
(BALSEBRE, A.
Linguagem Radiofônica.
Campinas, Pontes, 2005, p. 329)
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