forma de comunicação discursiva são “falantes”, podendo ser chamados de destinatários somente
como recurso à diferenciação entre aquele que emite um enunciado num momento específico e
aquele que, naquele instante, é o sujeito a quem o enunciado se dirige. Estas posições podem ser
imediatamente intercambiáveis, dependendo da natureza e da situação da comunicação. É isto o que
se verifica, por exemplo, nas chamada situações interativas de viva-voz no rádio, em que uma
conversa pode se efetivar entre apresentador e ouvinte ou entre apresentador e uma fonte de
informação, no caso de uma entrevista ao vivo, entre outros.
Esse comportamento ativo e responsivo é inerente a toda forma de comunicação, até
mesmo a efetivada pelos chamados meios de comunicação de massa, como já afirmado acima
acerca da audiência presumida. Embora pareça que o destinatário não participa da interlocução –
pois a primazia mecânica da emissão é, na maioria esmagadora das mídias tradicionais (jornal,
televisão e rádio), de um dos pólos apenas –, a sua atitude responsiva já se manifesta, no mínimo, na
atenção dedicada à recepção e compreensão da mensagem. Ela pode se efetivar ainda de forma
concreta na tomada de atitude a partir de algo que se vê, lê, ouve e, no limite, na iniciativa de entrar
em contato com o “falante”, por meio de carta, ligação telefônica ou participação direta na
programação; tem-se aí, então, a interatividade emsua formamais explícita.
Todo discurso, portanto, é orientado para a resposta e ele não pode esquivar-se à influência
profunda do discurso da resposta antecipada.
O discurso vivo e corrente está imediata e diretamente determinado pelo discurso-resposta futuro: ele é
que provoca esta resposta, pressente-a e baseia-se nela. Ao se constituir na atmosfera do ‘já-dito’, o
discurso é orientado aomesmo tempo para o discurso-resposta que ainda não foi dito, discurso, porém,
que foi solicitado a surgir e que já era esperado. (BAKHTIN, 1993, p. 89)
Tão importante quanto destacar o papel ativamente responsivo do destinatário é reforçar a
noção que o falante tem dessa atitude. À não-passividade do ouvinte corresponde a não-supremacia
e onipotência do falante, pois no discurso deste já estão presentes as antecipações sobre a resposta
daquele. Além disso, ele não apenas estabelece essa relação dialógica com seu interlocutor imediato
como também se apresenta, de certa forma, como um ‘respondente’aos discursos alheios, tendo em
vista que, na sua fala, outros discursos, passados e futuros, tambémse fazempresentes.
Emvista do exposto, os esquemas lineares que tentam retratar a comunicação, emespecial a
midiática, são abstrações que não refletem da forma mais pertinente a dinâmica da interação na
linguagem. Estabelecer relações de mão única entre falante e destinatário pode servir apenas a
alguns tipos de estudo, como a investigação sobre a relação interface ↔ usuário no campo da
informática, mas pode levar a explicações absolutamente incompletas e imprecisas sobre o real