SEQUÊNCIAS NARRATIVAS EM TEXTOS DISSERTATIVOS DE PRÉ-
UNIVERSITÁRIOS: ABORDAGENS ETNOGRÁFICA E DISCURSIVA
Vitor SOSTER
1
Manoel Luiz Gonçalves CORRÊA
2
RESUMO: Analisando cinquenta redações do vestibular FUVEST/2006, Soster (2009)
estudou como nelas apareciam
sequências narrativas
(Adam, 2008), constatando que
eram contrariadas as recomendações escolares usuais sobre a
organização do texto
dissertativo.
Nesse estudo, Soster distinguiu quatro maneiras de organização textual em
que aparecem essas sequências marcadas por arranjos temporais mais ou menos
padronizados. Ao quantificar as ocorrências de cada um dos quatro tipos de presença
dessas sequências, notou-se a tendência de aumento em seu uso entre candidatos que
freqüentaram curso preparatório para o vestibular. Pretendemos aqui reinterpretar esses
resultados de acordo com a aproximação entre as noções de
aspectos “ocultos” do
letramento acadêmico
(Street, 2009) e de
presumido social
(Voloshinov/Bakhtin,
1926:s/d). Essa aproximação tem relação, em primeiro lugar, com o que é cobrado na
avaliação, mas não ensinado na escola ou, em segundo lugar, com o que é
inadvertidamente usado pelo professor, embora esses usos contrariem as suas próprias
recomendações.
PALAVRAS-CHAVE: sequência narrativa, texto dissertativo, redação de vestibular,
letramento acadêmico, presumido social.
Introdução
Quando o assunto é produção de texto, é usual encontrar em livros didáticos uma
divisão bem marcada entre três tipos: a
dissertação
, a
descrição
e a
narração
. Em um
desses livros, pode-se ler:
Texto dissertativo: Expõe um tema, explica, avalia, classifica, analisa; Texto narrativo:
Expõe um fato, relaciona mudanças de situação, aponta antes, durante e depois dos
acontecimentos (geralmente); Texto descritivo: Expõe características dos seres ou das
coisas, apresenta uma visão (CAMPEDELLI e SOUZA, 1998, 1ª edição, p. 377)
3
1
Universidade de São Paulo,
2
Universidade de São Paulo /CNPq,
3
Optamos por mencionar um livro que fosse disponível aos candidatos ao vestibular FUVEST/2006, ano
da produção das redações que compõe o
corpus
analisado. A terceira edição, datada de 2000, em 8ª
tiragem em 2004, mantém a distinção entre esses
tipos de composição textual
(conferir CAMPEDELLI,
S. Y. e SOUZA, J. B. (2004).
Literatura, produção de textos e gramática.
São Paulo, Saraiva, 2004, 8ª
tiragem, p. 346).
