escrevente de se alçar a um padrão lexical do que supostamente seria o esperado pela
banca corretora (a escolha de “precipuamente” com o provável intuito de querer dizer
“num primeiro momento”, “inicialmente”, ao invés de seu significado dicionarizado):
“O trabalho como hoje conhecemos tem sua origem na inata condição consumidora
humana [...] Precipuamente, a simples troca de elementos encontrados [...] era suficiente
para atender às urgências humanas. Mais tarde, a monetarização da economia [...]”
No entanto, não podemos atribuir apenas a esses saberes a presença das
sequências narrativas.
Outro fator que influencia o uso de
sequências narrativas
diz respeito ao perfil
de aluno esperado pela universidade. A suposição dos candidatos é, em geral, a de que
esse aluno tem amplo domínio da conjuntura social em que vive, sendo capaz de situar
conjunturas correlatas na história e, também, situar, no passado, as causas de uma dada
situação presente. O seguinte exemplo mostra com clareza este fator:
“O conceito de trabalho vem mudando através dos tempos. Nas sociedades feudais, o
trabalho braçal era imprescindível. Com a Revolução Industrial, já não era necessário
tantos trabalhadores. O Fordismo criou a linha de produção. Na era da robótica, uma
única pessoa pode ser capaz de coordenar várias operações ao mesmo tempo.”
Assim como os outros dois fatores, este não pode ser apontado como
categórico. É interessante notar que ele impõe ao escrevente uma “leitura de si” que não
se limita apenas aos modelos de escrita aprendidos, marcando, ao contrário, no interior
desses modelos, uma construção textual mais complexa do ponto de vista do hibridismo
de formas e sentidos na composição dessa imagem, frequentemente caracterizada por
marcas subjetivas bastante claras.
Por fim, temos, no quarto fator, uma particularização do terceiro. Quando os
candidatos se impõem o requisito de domínio da disciplina História, impõem-se,
também, o requisito de ordenação linear e factual dos acontecimentos, tal como se dá a
institucionalização do conhecimento histórico pela escola. Imposta, talvez, pelo
pragmatismo do candidato ou, quem sabe, pela força da história oficial e da formação
escolar, essa ordenação linear dos fatos organiza a grande maioria dos arranjos
temporais de texto. Essa ordenação estaria ligada a práticas escolares que levariam o
candidato ao suposto perfil esperado pela universidade, ela própria tomada como
interlocutora. Pode-se, no entanto, distinguir duas maneiras de se atingir esse objetivo:
de um lado o candidato pode optar por um texto mais “seco” em busca da mais
completa objetividade (aproximando-se do
tipo IV
), por outro lado, o candidato, ao