As tiras da Mafalda foram produzidas pelo argentino Joaquín Salvador Lavado
conhecido como Quino e publicadas em jornais de 1964 até 1973 e, posteriormente, em
forma de livros. Também foram traduzidas em diversas línguas ficando mundialmente
conhecidas e apresentam uma linguagem crítica e, às vezes, de compreensão difícil.
Essas tiras são narrativas humorísticas permeadas de ironia compostas pela relação entre
a linguagem verbal representada pelo texto escrito e a linguagem visual representada
pelas imagens, ambas importantes para o entendimento dos quadrinhos.
Assim, esse estudo objetiva analisar o intertexto presente em sete tiras da obra
“Toda Mafalda” e a contribuição da intertextualidade para a produção do sentido de
humor nas tiras. Para isso, será feita uma revisão teórica sobre as histórias em
quadrinhos e as tiras da Mafalda, e serão abordados os conceitos de dois tipos de
intertextualidade em sentido estrito, propostos por Koch (2009): a intertextualidade
implícita e a intertextualidade explícita. Por fim, realizar-se-á as análises das tiras da
Mafalda e as considerações finais a respeito do estudo.
As histórias em quadrinhos e a criação das tiras da Mafalda
A primeira história em quadrinhos cômica “The Yellow Kid” (O garoto amarelo)
de Richard Fenton Outcault surgiu em 1895 em jornais norte-americanos introduzindo
balões com falas de personagens e ação sequenciada. Em 1897, onomatopeias e novos
sinais gráficos aparecem nas aventuras de “Katzemjammer Kids” (Os sobrinhos do
capitão) de Rudolph Dirks. Alguns anos depois, como ressalta Vergueiro (2009), as tiras
passaram a ter publicação diária em jornais com temas variados, embora conservassem
o traço cômico. No final da década de 1920, as histórias de aventuras aproximaram os
desenhos de uma representação mais fiel de pessoas e objetos, ampliando seu impacto
junto ao público leitor. Ao mesmo tempo, houve publicações periódicas dos gibis no
Brasil em que surgiram os super-heróis de extremo sucesso entre o público jovem. A
Segunda Guerra Mundial contribuiu para o engajamento fictício dos heróis no conflito
bélico e, ao seu final, novos quadrinhos de suspense e terror foram aparecendo.
O período pós-guerra e início da Guerra Fria foram propícios para criar um
ambiente de desconfiança em relação às histórias em quadrinhos, no qual o psiquiatra
alemão Frederic Werthan, com seu livro “Seduction of the Innocent” (Sedução dos