Análises das tiras da Mafalda
Neste item, serão analisadas sete tiras da personagem Mafalda criadas por Quino
e publicadas entre 1964 e 1973 na Argentina. Como já foi dito, as tiras para análise
foram retiradas da obra “Toda Mafalda” de Lavado (1993). Serão considerados para
análise das tiras o conceito de intertextualidade implícita e explícita, e outros fatores que
podem auxiliar na compreensão das tiras como, por exemplo, o conhecimento prévio e
as inferências. Não se pretende esgotar aqui as possibilidades de análise das tiras no que
se refere à intertextualidade, mas apontar caminhos possíveis.
Em primeiro lugar, analisar-se-á tiras que contenham a intertextualidade
implícita na qual foi introduzido um intertexto sem qualquer menção explícita da fonte.
A tira foi retirada de Lavado (1993, p.324):
A personagem Mafalda é uma criança que odeia sopa. Esse já é um
conhecimento prévio que o leitor deve ter para compreender algumas atitudes da
Mafalda quando sua mãe faz sopa. Ela inicia a tira diante de um prato de sopa em pé na
cadeira em posição imponente como se fosse proferir um discurso político dizendo que
as galinhas não fizeram nenhum mal e que não são culpadas de nada. Dessa forma, sua
mãe teria matado galinhas inocentes e suas mãos teriam ficado sujas pelo caldo das
galinhas. Percebemos que na sequência dos quadros Mafalda vai intensificando a sua
raiva, movimentando seus braços rapidamente de um lado ao outro com o indicador
apontado e de forma mais incisiva no último quadro ao balançar as mãos, movimento
este marcado por linhas curvas abaixo das mãos. As letras dos balões têm tamanhos
maiores, principalmente em algumas palavras como “nenhum” e “de nada” para dar
ênfase no tom de voz mais elevada o que fica claro pela boca bem aberta da
personagem. No último quadrinho as letras e as mãos estão um pouco tremidas
mostrando o nervosismo da personagem. Apesar de todo esse discurso parecer mera