Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 819

conhecimento. Este é necessário, mas não suficiente para a interpretação. Segundo
Possenti (1998, p.78), os textos cômicos podem até permitir mais de uma leitura, mas
frequentemente impõem só uma e geralmente impedem uma leitura qualquer. E
completa que o humor não é sempre crítico, porém é crítico o humor político – pelo
menos, na maior parte de suas manifestações, e faz referência a Freud dizendo que
jamais se poderia classificar os chistes políticos entre os inocentes.
Enfim, o autor relata que as piadas políticas são transitórias, dado que exploram
características específicas de determinados políticos ou das etapas da história pelas
quais passa um país ou um governo, como é o caso de muitas tiras da Mafalda. Por isso,
os exemplos de tiras fornecidos neste estudo tentam explicitar o quanto sua
compreensão depende, em partes, de fatores de tipo pragmático como a
intertextualidade, por exemplo, e também de fatores cognitivos como o conhecimento
prévio e as inferências, embora seu funcionamento seja tipicamente discursivo. Para
finalizar, parafraseando Julio Cortázar (1973, apud LAVADO, 1993), “o que eu penso
da Mafalda não importa. Importante mesmo é o que a Mafalda pensa de mim”.
Referências
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Marxismo e filosofia da linguagem: problemas
fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem
. São Paulo, Hucitec.
BENTES, Anna Christina; CAVALCANTE, Mônica Magalhães; KOCH, Ingedore G.
Villaça (2008).
Intertextualidade: diálogos possíveis
. São Paulo, Cortez.
CIRNE, Moacy (1972).
A explosão criativa dos quadrinhos.
Petrópolis, Vozes.
DUCROT, Oswald (1987).
O dizer e o dito.
Campinas, Pontes.
ECO, Umberto (1993). “Mafalda ou a recusa”, in: LAVADO, J. S.
Toda Mafalda.
São
Paulo, Martins Fontes.
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