qualitativo de cunho etnográfico, um recorte de nossa pesquisa de doutorado.
Finalmente, discutimos os critérios metodológicos adotados para a análise dos dados.
Os participantes do estudo foram aprendizes brasileiros de línguas estrangeiras
do Curso de Letras da UNESP/ Assis e alunos de universidades no exterior que cursam
português como língua estrangeira (LE).
Os dados são provenientes de amostras das produções escritas dos estudantes
estrangeiros em interações em teletandem que foram coletadas por meio de (a) e-mails e
(b) registros escritos das interações (
chats
). Para este trabalho, interessa-nos a
comunicação síncrona escrita entre os parceiros de teletandem por localizarmos neste
meio, dados relevantes concernentes à variação diafásica para localizar
flutuações
discursivas entre o código oral e o escrito.
Análise de dados
No teletandem, as variações, ‘as outras formas’, principalmente nas produções dos
estrangeiros permeiam o processo e nos chamam a atenção porque se o aprendiz ainda
não domina plenamente as características próprias da língua estrangeira nas suas
modalidades oral e escrita e, principalmente, não teve ainda nenhum acesso aos meios
de comunicação natural para praticá-la, que língua, então, usará para se comunicar com
um falante nativo? Saberá este aprendiz se beneficiar das flutuações discursivas entre o
oral e o escrito, e mesmo entre âmbito formal e informal? Terá ele noção acerca da
variante apropriada para a comunicação nos mais diversos contextos? Decerto que não.
Abordamos as mensagens de Sophie, estudante francesa, destacando, em itálico,
variações relacionadas a fatores pragmáticos e discursivos nas frases elaboradas pelos
estudantes estrangeiros que praticam teletandem com estudantes brasileiros.
No excerto 01, ao escrever para a parceira brasileira, Sophie utiliza
‘mi’
(linha 2)
e não ‘mim’. O trecho
“...acabo de receber o seu mail porque tinha muito trabalho e
nao podia ir em internet...”
(linhas 2 a 5) também traz algumas variações. A francesa
parece inverter a justificativa pela qual recebeu o
e-mail
mas não respondeu:
“nao
podia ir em internet”.
Nesta frase também temos variação, uma outra possível forma
seria “não pude conectar-me à Internet”, para depois continuar sua explicação com
“porque tinha muito trabalho”
. A variação, nesse caso, não quer dizer que as formas
utilizadas estão incorretas, mas que não se inserem nas regras formais da língua.