POLIFONIA, CARNAVALIZAÇÃO E PARÓDIA NA “TEORIA DO
MEDALHÃO” DE MACHADO DE ASSIS
Daniela Mantarro CALLIPO
RESUMO:
Em “Teoria do Medalhão”, escrito por Machado de Assis em 1881, um pai
zeloso resolve dar bons conselhos a seu filho que acaba de completar 21 anos. Servindo-
se de um discurso pertencente à ideologia oficial do oitocentos; ou seja, aquela
instituída pela hegemonia dominante, o pai sugere ao filho que abandone seus ideais,
utilizando máscaras e anulando seus pensamentos e gostos, a fim de se tornar um
verdadeiro Medalhão. O diálogo que se estabelece entre ambos é permeado de ironia e
humor, pois o pai faz um discurso aparentemente sábio, mas que, na realidade, é vazio e
tolo, levando a pensar nas noções de paródia e carnavalização de Bakhtin. Além disso,
ao construir seu conto em forma de diálogo, Machado de Assis transfere a palavra às
personagens, num cruzamento de vozes que leva a pensar em “embriões” de polifonia.
Este trabalho visa, portanto, fazer uma leitura bakhtiniana do conto machadiano.
PALAVRAS-CHAVE:
conto machadiano, polifonia, carnavalização, paródia, Bakhtin
O conto “Teoria do Medalhão”
“Teoria do Medalhão” foi publicado no jornal carioca
Gazeta de Notícias
em 18
de dezembro de 1881 e republicado, no ano seguinte, na coletânea intitulada
Papéis
Avulsos
.. O conto tem apenas duas personagens: o pai e seu filho Janjão, que acaba de
comemorar seu aniversário com um “modesto jantar”. Após a partida do último
conviva, o pai anuncia que deseja ter uma conversa “séria” com o filho que acaba de
completar 21 anos. Manda-o fechar a porta, abrir a janela, sentar-se e ouvir com atenção
quais são as expectativas paternas em relação a ele.
Professora de Língua e Literatura Francesa do Departamento de Letras Modernas da Faculdade de
Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – UNESP – Campus de
Assis, e-mail: