determinados, nem o fio da continuidade. Esta concepção de estudo da história tem
como objetivo descrever e mostrar como se constituiu a unidade através das dispersões,
das rupturas. Isto é, pensar as falas nas suas mudanças, já que a verdade é produto das
práticas discursivas, fruto de embates em torno da própria verdade.
Além disso, incorporamos ao nosso estudo determinadas noções da Análise do
Discurso como complemento para uma abordagem discursiva da Historiografia
Lingüística, com o objetivo de aprofundar as interpretações dos documentos a serem
analisados, já que se trata de objetos discursivos. Trabalharemos na construção do
arquivo para a leitura da história por meio da interpretação. Esta consiste em, como diz
Eni Orlandi no livro
História das idéias lingüísticas
(2001, p. 8), “relacionar o dizer
com o não dizer, com o dito em outro lugar e com o que poderia ser dito”. Pensamos
que o conceito de
a priori histórico
(Foucault, 2008) é necessário para nossa análise, já
que trata-se das condições históricas dos enunciados, condições de emergência, a lei de
sua coexistência com outros, sua forma específica, os princípios segundo os quais se
substituem, transformam-se e desaparecem (CASTRO, 2009, p. 20). Junto com esta
noção, Foucault apresenta a noção de arquivo “a lei do que pode ser dito, o sistema que
rege o aparecimento dos enunciados como acontecimento singulares” (FOUCAULT,
2008, p. 147). Não podemos deixar de incluir os conceitos de formação ideológica e
formação discursiva, já que o discurso se insere em uma formação discursiva e constitui
a instância em que a ideologia se concretiza. Os discursos são governados pelas
formações ideológicas, estas determinam aquilo que pode e deve ser dito em função da
organização de posições políticas e ideológicas. Como explica Brandão (2009, p. 47), a
formação discursiva apresenta dois tipos de funcionamento: a paráfrase consiste em
enunciados retomados e reformulados, e o pré-construído remete a uma construção