Ao produzir um discurso sempre interrelaciona-se os dizeres à determinada
sociedade, cultura e história e os sentidos só podem ser assim compreendidos, pois os
dizeres somente são produzidos a partir destas esferas e adquirem diferentes sentidos de
acordo com as posições que os sujeitos assumem ou são constrangidos a ocuparem. Os
falares ou silenciamentos dos sujeitos discursivos colocam em jogo inúmeras visões de
mundo, posicionamentos ideológicos e discursivos e materializam sentidos, em uma
arena ideológica permeada pelo Outro e por um lugar marcado por conflitos, pelo
distanciamento, pela corroboração, pela subversão ou manutenção de sentidos, que, de
qualquer modo, são ressignificados a cada enunciação de um acontecimento discursivo.
Assim, os sujeitos e os sentidos discursivos não são um espelhamento do mundo
e tanto quantos forem os sujeitos, as transformações históricas e sociais, serão também
os discursos e os posicionamentos ideológicos, uma vez que a linguagem é social e
ideológica, mas nunca individual e os sujeitos históricos e sociais.
De acordo com Pêcheux (2009), podemos compreender como Formações
Discursivas (FD) os espaços a que os sujeitos são constrangidos a ocupar e produzir
efeitos de sentidos. Ou seja, as formações discursivas determinam o que pode e deve ser
dito, o que deve ser silenciado ou aparentar um silenciamento por meio do
mascaramento ideológico e social. Pêcheux (2009, p.147) afirma que “chamaremos,
então, formação discursiva aquilo que, numa formação ideológica dada, isto é, a partir
de uma posição dada numa conjuntura dada, determina o que pode e deve ser dito.”
De acordo com Orlandi (2001, p.38), “todo dizer é ideologicamente marcado, é
na língua que a ideologia se materializa”, portanto, todo discurso é atravessado por
diferentes visões ideológicas que acabam por constituir as Formações Discursivas (já
que não consideramos a linguagem como especular) e as Formações Ideológicas (FI).
Assim, podemos afirmar que as ideologias determinam as Formações Discursivas e que
diferentes vozes que signifiquem e associem-se a um mesmo posicionamento ideológico
poderão ser classificadas como pertencentes a uma mesma Formação Ideológica.
No que tange à concepção de interdiscursividade, sabemos que os discursos
estão em constante diálogo, em uma arena de conflitos e alianças que promove uma
interrelação e atravessamento de formações discursivas. Isto é, todas as Formações
Discursivas e Ideológicas dialogam com o outro, com diferentes vozes ideológicas que