Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 469

falar de um lugar, de fato, feminino, bem como ser realmente feliz a seu modo; o
segundo corrobora a felicidade feminina plena veiculada à dedicação à família. Em
meio a este diálogo discursivo, o enunciador tece, devido aos seus constrangimentos
ideológicos, um distanciamento da visão primeira e uma adesão à ideologia familiar
tradicional por meio da materialização do segundo sentido.
Desta forma, embora se reafirme e retrate a posição subordinada feminina por
meio da formação discursiva sexista, os discursos acabam por dialogar com o
posicionamento feminista e emancipador, bem como com a formação discursiva
capitalista e com a escolar e educacional (funcionário da empresa automobilística que
simboliza a figura materna, segura o livro e o lê para o filho, o carro)
A análise da linguagem não-verbal dos textos publicitário opera como um
recurso essencial para o melhor entendimento da identidade feminina. Nestas duas
publicidades, aparece a figura feminina associada ao zelo, bem como ao
estabelecimento da proteção e da educação do filho. No discurso número 2,
visualizamos a caracterização de um quarto (com elementos como mesinha, poltrona e
abajur) e o funcionário lendo para o carro e no discurso número 3, observamos que o
funcionário costura uma manta para cobrir o carro, marcas que simbolizam a assistência
amorosa e educação que deve ser promovida pela mãe aos filhos.
Podemos observar, pois, por meio da relação entre verbal e imagético, as
metaforizações do feminino e do masculino, assim,
mulher é zelo, mulher é mãe, mulher
realizada é mãe, mãe é responsável pela educação dos filhos, mãe é carinho e
amabilidade, mulher é conhecedora de todos os membros da família
(em
“ninguém
conhece você como sua mãe./Ninguém conhece o seu Volkswagen como a Volkswagen”
esta afirmação é confirmada)
mulher é felicidade
e, quanto ao masculino, inferimos que
homem é sustento, homem é forte, homem é viril
(por isso, não está ligado à ideia de
zelo familiar). Enfim, ser homem e ser mulher é poder “agir” no mundo por meio de
ações e discursos, dentro das limitações e silenciamentos a que se é constantemente
submetido por uma formação ideológica que restringe, que determina a felicidade do eu
e do outro veiculada à memória discursiva e a uma concepção sexista acerca das
relações sociais e de gênero.
Considerações finais
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