Faubourg Saint-Germain deve pertencer à nobreza. Hippolyte Richond, filho de um rico
comerciante de Marselha, poder ser considerado pertencente à “boa burguesia” descrita
por Daumard. Olivier de Jalin, trinta mil francos em terras, tem sua renda invejada pela
viscondessa de Vernières, e deve pertencer à pequena nobreza (uma vez que não há na
peça alusão à sua profissão, apenas indicação de que vive da renda de suas terras). A
viscondessa, por sua vez, é descrita como uma aristocrata arruinada. Quanto à Suzanne
e Valentine, as
demi-mondaines
por excelência, tudo indica que têm origem humilde, e
que alcançaram
status
social a partir de seus relacionamentos: a primeira com seu
amante de Thonnerins, sobre o qual não se tem muitas informações na peça, mas ao
qual Suzanne diz dever tudo o que tem e o que é; a segunda com seu ex-marido
Hippolyte Richond, que se apaixonou pela jovem quando ela não tinha nenhuma
fortuna, mas que a proibiu de usar seu nome após ser traído e que deixou para ela um
dote de 200 mil francos.
Observa-se logo na primeira cena a busca pela
manutenção das aparências de um
falso status
, mostrando uma preocupação com a
respeitabilidade
. No diálogo inicial da
peça, entre Olivier de Jalin e a Viscondessa de Vernières, é apresentado ao co-
enunciador (leitor/espectador) um desentendimento entre dois participantes de um jogo
ocorrido em uma das recepções (
soirées
) oferecidas pela Viscondessa em sua casa. Ela
então solicita a Olivier que ajude na resolução da questão sem que seu nome esteja
envolvido, pois “se o caso não se resolver bem, haverá um processo, e uma mulher de
respeito (
femme comme il faut
) não deve aparecer, como testemunha, diante de um
tribunal, e ter seu nome nos noticiários” (ato I, cena 1).
As questões familiares e os assuntos relacionados
, tais como casamento e renda,
são uma constante na peça. Ainda na primeira cena, de Vernières conversa com Olivier
como se interrogasse um candidato a marido para sua sobrinha Marcelle:
VISCONDESSA
Você é de pequena nobreza; e não é rico?
OLIVIER
Trinta mil francos de renda. (...) Em terras.
VISCONDESSA
Ah! Não está mal! Mas você tem uma família? (ato I, cena 1)