Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 1274

nossa sabença é perturbar meninas...Era belo, afinal ! Que ingenuidade a nossa ! Arre
que acho um cochilo danado esse “que ingenuidade a nossa”. Fica intelectual, reflexivo
e matrona brasileira já desiludida e sessentona.” (GUIMARAENS FILHO 1974, p.43)
Notamos nos excertos a preocupação com a preservação das faces, por meio de
atenuações: (1)
Quando um poeta da sua força me pede conselhos,
fico cheio de dedos
e em (2)
: “
Será antes lhe dar uma impressão pra você mastigar e aproveitar
o que lhe
parecer útil
”, bem como a presença de ressalvas: (1)“Tenho um mundo de coisas por
fazer,
mas não posso deixar de responder
imediatamente à sua carta”e em (2)
Vou-lhe
escrever um bocado loucamente
sem pensar muito no assunto
.” Ainda verificamos grau
de comprometimento e engajamento do locutor com o seu dizer, o grau de certeza em
com relação ao dito”: (1) “Nas observações que fiz, quis ver até que ponto eram
conscientes e justificáveis as suas elisões” e em (2) “Arre que acho um cochilo danado
esse que ingenuidade a nossa. Fica intelectual, reflexivo e matrona brasileira já
desiludida e sessentona”, conforme Koch (2009, p.125)
As estratégias discursivas modalizadoras utilizadas pelos locutores das cartas
conferem ao discurso um tom cortês. A cortesia verbal está relacionada a um modo
refinado da fala e na demonstração da existência de uma hierarquia social (Villaça;
Bentes 2008, p.20) o que se explicita pelas próprias características dos locutores,
escritores consagrados em relação ao interlocutor, um jovem escritor, que inicia seu
caminho literário. Ainda sob a perspectiva dos mesmos teóricos:
[...] a cortesia linguística pode também ser uma espécie de afeto e/ou gentileza por parte
do locutor que em determinados rituais de linguagem, procura mostrar respeito por uma
suposta delicadeza emocional do interlocutor, e ao mesmo tempo, o seu próprio
conhecimento, sensibilidade pragmática e refinamento (VILLAÇA; BENTES 2008,
p.20)
O afeto e a gentileza do locutor se fazem presentes no seguinte excerto da carta
de Manuel Bandeira datada de 14 de março de 1943 :
(MB)Achei deliciosa a sua ‘Surdina’. Você conhece o segredo do refrão, e estes versos
são mais uma prova disso[...] Isso me deu um tema para um poema onomástico em seu
louvor e no de seu pai.Assim:
Refrão de glória, eis vem, no trilho
Do pai – dois mestres em refrães-,
Trás Alphonsus de Guimaraens
Alphonsus de Guimaraens Filho.(GUIMARAENS FILHO, 1974, p.87)
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