Fonseca se alista no exército, em plena Guerra da Restauração
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, e inicia uma carreira militar
promissora.
Não querendo pagar por seus atos aos olhos da lei, fugiu para o Brasil e aqui ficou
por três anos. Em 1653, com 22 anos de idade, perseguido pela justiça por ter causado a morte
de um rival, em duelo, aportou em terras tupiniquins. Passou três anos na Bahia, mas
continuava com seu modo de vida desregrada e inconseqüente. Retornou à Portugal em 1656
e participou novamente de combates bélicos, ao retomar a carreira das armas.
Um texto de Frei Luís de Granada sensibilizou-o para a fé e para Deus. É nesse
período que se dedica à poesia, ganhando o cognome de Capitão das Boninas. Em 1662, teve
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Essa época foi marcada pelo período da Restauração em Portugal. Após 60 anos
de domínio espanhol, Portugal volta a conquistar sua autonomia em 1640. Fonseca, assim
como Vieira, acreditava na independência de Portugal que agora tinha um novo rei, depois do
fim da Era Filipina, tanto que Chagas produziu poemas sobre a Restauração.
António da Fonseca Soares participa da Guerra da Restauração (1641-1668), mas
ganha fama por sua habilidade poética. Fica conhecido como “Capitão das Boninas”, uma
referência ao posto militar ocupado (Capitão de Cavalos) e à margarida dos prados, uma
alcunha até contrastante, pois unia a força do exército à delicadeza da flor, símbolo de algo
mais suave, como a atividade literária desempenhada por ele.
É importante salientar que Fonseca recebeu a fama de capitão Bonina, em Setúbal,
pela sua inspiração poética; pois eram demasiadas conhecidas as suas proezas. Em janeiro de
1661, é nomeado capitão de infantaria, e a partir daí, Fonseca gozou três ou quatro meses das
honras, graças, preeminências, liberdades e franquezas.
Em 19 de maio de 1663, era o dia de cerimônia da profissão de Fonseca, este foi
marcado por uma bala de artilharia inimiga que veio cair junto ao seu hábito. Para melhor
segurança, a cerimônia terminou na Casa dos Ossos do convento, lugar este um tanto
macabro.
Como tinha sentidos para as questões amorosas e para a poesia, envolveu-se nas
mais diversas aventuras, cometendo todo o tipo de excessos, fruto do seu temperamento
impetuoso. Era muito boêmio e grande declamador, encantando moças disponíveis ou não, o
que o colocava em muitas confusões. Os prazeres da carne foram seu lema de vida até ao dia
em que teve de matar um rival por amor. O autor sofreu por amor em tenra idade e matou por
isso, ao duelar com um desafeto.