Politicamente, Vieira tinha contra si a pequena burguesia cristã (por defender o
capitalismo judaico e os cristãos-novos); os pequenos comerciantes (por defender o
monopólio comercial) e os administradores e colonos (por defender os índios). Essas
posições, principalmente a defesa dos cristãos-novos, custaram a Vieira uma condenação da
Inquisição, ficando preso de 1665 a 1667. A obra do Padre Antônio Vieira pode ser dividida
em três tipos de trabalhos: Profecias, Cartas e Sermões. Por esses últimos, Chagas tinha
verdadeira predileção, pois acreditava que eles eram a maneira mais eficiente de chegar a seus
fiéis e de fazê-los entender conceitos simples e complexos.
Dá-se o nome de Restauração ao regresso de Portugal à sua completa
independência em relação a Castela em 1° de dezembro de 1640, depois de sessenta anos de
regime de monarquia dualista (1580-1640) em que as coroas dos dois países couberam ambas
a Filipe II, Filipe III e Filipe IV de Castela. Nos anos imediatamente anteriores a 1640,
começou a intensificar-se o descontentamento em relação ao regime dualista em parte dos
membros da classe aristocrática, dos eclesiásticos (principalmente os jesuítas, que exploraram
nesse sentido as crenças sebastianistas) e também entre os interessados no comércio com as
províncias ultramarinas do Atlântico. A má administração do governo espanhol constituía
uma grande causa de insatisfação dos portugueses em relação à união com Castela. Dessa má
administração, provinha o agravamento dos impostos.
Em 1628, foi expedida a carta régia que, sem o voto das Cortes (por tradição,
indispensável para que se criassem novos tributos), mandava levantar, por meio de
empréstimo forçado, as quantias necessárias para a defesa, durante seis anos, de todos os
lugares dos domínios ameaçados pelos estrangeiros. A população mostrou logo a sua má
vontade. A tensão agravou-se quando o clero (cujos privilégios o isentavam de tais
imposições) se viu também incluído na coleta geral. Em 1635, foi estendido a todo o reino
alguns impostos. Tudo culminou para que os portugueses logo reivindicassem o controle do
seu próprio país cinco anos mais tarde.
1.2. Sobre o autor
Este trabalho pretende analisar a contribuição de Chagas para a literatura luso-
brasileira. Sendo um autor pouco estudado, muitas características de suas obras e até seu
próprio nome são desconhecidos do público brasileiro.
