também estratégias de utilização desse código nas diversas situações de comunicação,
com diferentes interlocutores.
Villaça e Bentes (2008) adotam uma concepção social para o termo cortesia, que
a nosso ver vai ao encontro das estratégias utilizadas por Mário de Andrade e Manuel
Bandeira nas missivas:
Podemos dizer que a cortesia verbal encontra-se relacionada a um modo ‘refinado’ de
fala, associado a rituais nos quais a demonstração da existência de uma hierarquia social
é fundamental. Em segundo lugar, além de propiciar a construção de uma imagem de
refinamento para o locutor, conferindo-lhe uma determinada posição de superioridade
sociocultural (a posição de uma pessoa cortês distinta), a cortesia linguística pode
também ser uma espécie de afeto e/ou gentileza por parte do locutor que em
determinados rituais de linguagem, procura mostrar respeito por uma suposta delicadeza
emocional do interlocutor, e ao mesmo tempo, o seu próprio conhecimento,
sensibilidade pragmática e refinamento.
(VILLAÇA; BENTES, 2008, p.20)
Embora as estratégias de cortesia se realizem com mais evidência nas interações
face a face, tais recursos são constitutivos de todo texto, conforme Urbano (2008). O
autor ainda ressalta que a cortesia pode se manifestar em textos produzidos,
transmitidos e recebidos à distância, sobretudo os híbridos, com forte tonalidade de
interação face a face, com enunciatários elevados ao status de interlocutores concretos
pelo enunciador, ainda que virtuais e simulados. No caso de nosso
corpus
, o interlocutor
é real e concreto, a saber, o também escritor Alphonsus de Guimaraens Filho.
Para que o discurso apresente de fato aspectos de gentileza e refinamento, ou
seja, cortesia por parte do locutor e respeito ao interlocutor, o primeiro adotará
estratégias de preservação de face, processos pelos quais os interactantes se representam
uns diante dos outros de determinadas maneiras, agindo de formas diferentes, em
relação à linguagem e visando sobretudo tornar o discurso harmonioso e equilibrado.
Preservação de face
Brown e Levinson (apud Silva 2008, p.178)) entendem a conversação como um
ato que envolve potencial ameaça à face dos interactantes, de forma que utilizaremos
seu modelo teórico para conceituar face.
Os autores elegem como pessoa modelo (MP) ao falante fluente de uma língua
que possui face e racionalidade. A racionalidade é a capacidade desse falante de utilizar