Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 83

ou seja, de uma evolução, como no enunciado da candidata, e agora presidente eleita,
Dilma Rousseff dirigido a
VEJA:
“A revolução na educação brasileira não está marcada
para começar no ano que vem. Começou com Lula, a partir de tudo o que havia sido
construído antes dele”. Há também um forte discurso o qual considera um absurdo
afirmar que a educação no Brasil segue uma evolução, como no enunciado do candidato
Serra divulgado em um
blog
: “É preciso prestar atenção num retrocesso grave dos
últimos anos: a estagnação da escolaridade entre os adolescentes. Para essa faixa de
idade, embora não exclusivamente para ela, vamos turbinar o ensino técnico e
profissional, aquele que vira emprego.”
Os últimos dias da campanha eleitoral foram inclusive marcados pela divulgação
de manifestos de professores e intelectuais contra a eleição de determinado candidato e
a favor de outro, pautando-se em feitos na área educacional. Manifestos que correram
na
internet
, nos
e-mails
, nos noticiários. Não podemos, portanto, desconsiderar essa
imensa emersão de enunciados sobre a educação vindos de todos os lugares e acessados
por inúmeros sujeitos. Nos últimos anos,
todos falamos da educação.
Aliás, isso foi o
que os candidatos não desconsideraram.
Em meio a essa atmosfera de democratização da escola brasileira, em que muitos
passam a ter autoridade para discursivizá-la, o papel do professor é frequentemente
(re)construído. A fim de analisar como a imagem do professor se encaixa nessa
democratização, optamos por estudar o discurso sobre a formação do professor
brasileiro, formação que o constitui como sujeito-professor.
A mídia, formando o professor. A propaganda, silenciando o mestre.
Em
A ordem do discurso
, Foucault admite a escola como o lugar onde todo
sujeito pode ter acesso a qualquer tipo de discurso, no entanto, o sistema da educação
não deixa de ser uma maneira política de manter ou modificar essa apropriação dos
discursos à qual os sujeitos têm direito. Assim, é importantíssimo verificar os discursos
que dominam o espaço escolar e o porquê de autorizar-se isso e não aquilo. Nessa
mesma obra, Foucault (2003, p.8) afirma o controle da produção dos discursos:
Suponho que em toda sociedade a produção do discurso é ao mesmo
tempo controlada, selecionada, organizada e redistribuída por certo
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