Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 82

“Todos pela educação” e uma corrida pela presidência.
Como
corpus
deste trabalho foram selecionadas algumas capas de revista
direcionadas para uma abordagem sobre a educação durante os anos 2000. Essas capas
foram produzidas em meio a todo um contexto situacional que exige a prática discursiva
sobre a educação como uma prática cotidiana. Compreendemos esse contexto
situacional como fruto de um duro processo de instituição da escola brasileira, visto que
os enunciados não são apenas da ordem do acontecimento, mas remetem a enunciados
anteriores, pois “o novo não está no que é dito, mas no acontecimento de sua volta.”
(Foucault, 2003, p.26). Faremos, pois, um breve relato do ambiente discursivo
compartilhado pelo programa “Todos pela educação” e pela campanha eleitoral 2010.
O movimento “Todos pela educação” foi criado em 2006, sendo financiado
exclusivamente pela iniciativa privada. Tem por objetivo alcançar 5 metas estabelecidas
para a educação brasileira, todas envolvendo a inserção das crianças na escola. O
próprio movimento considera a educação como a prioridade do Estado, no entanto,
afirma que devido à complexidade da constituição da educação no Brasil, o Estado não
é capaz sozinho de prover um ensino de qualidade. Para promover o salto de qualidade
em educação do qual o Brasil necessita, conforme os próprios organizadores do
movimento, é necessário o envolvimento de toda a sociedade.
No
site
desse programa podemos evidenciar o papel da mídia como autoridade
sobre a educação. Nesse espaço virtual afirma-se que os meios de comunicação
desempenham papel fundamental na divulgação da mensagem desse movimento: por
uma educação de qualidade. Isso é fato. Para o nosso estudo, devemos ressaltar que a
grande divulgação da mídia com respeito à educação possibilita que inúmeros
brasileiros, ocupando diferentes posições ideológicas, se identifiquem com a luta pela
educação e discursem sobre ela. Em verdade o enunciado “Todos pela educação”, já
fazendo parte do cotidiano brasileiro, autoriza que milhões de sujeitos, os quais se
identificam como brasileiros, enunciem sobre os problemas da educação.
Não é por menos que na campanha eleitoral, do ano de 2010, o discurso sobre a
educação tenha sido recorrente, talvez um pouco menos do que o discurso religioso. Há
uma intensa afirmação sobre a continuidade do desenvolvimento da educação brasileira,
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