Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 823

A Sociolinguística
Tanto Chomsky, como Saussure, trouxeram contribuições imensuráveis para a
construção e consolidação de teorias do conhecimento da linguagem. Ao defender a
unidade da língua, deixaram de contemplar elementos importantes para a compreensão
dos mecanismos e conceitos que permeiam os fenômenos linguísticos. Todavia,
despertaram a atenção para estudos focados na não unidade da língua, explorando
conceitos como variação, sujeito, uso, interação, contexto social. Nesse contexto,
emerge a sociolinguística.
A percepção da heterogeneidade e dinamicidade da língua permite que questões
práticas de uso possam ser contempladas e tomadas como objeto de estudos nas
interações em teletandem se considerarmos que, no referido contexto, relações são
construídas além do saber linguístico. Assim, partindo da autonomia do sistema
linguístico e, posteriormente, da inter-relação com o mundo social, a sociolinguística
vai delimitando seu campo de estudos e seu objeto, relações língua e sociedade. De
acordo com Alkmim (2004):
(...) o objeto da Sociolingüística é o estudo da língua falada, observada,
descrita e analisada em seu contexto social, isto é, em situações reais de
uso. Seu ponto de partida é a comunidade lingüística, um conjunto de
pessoas que interagem verbalmente e que compartilham um conjunto de
normas com respeito aos usos lingüísticos. (ALCKMIN, 2004, p. 31)
Anteriormente, a sistematização da língua era pensada em termos somente
linguísticos, isolados de quaisquer outros fatores. Variações eram desconsideradas e
situações de produção e interlocutores não eram levados em conta. A partir dos estudos
sociolinguísticos, as relações entre formas linguísticas e espaço geográfico (dialetos) e
conceitos como variantes linguísticas envolvendo componentes fonológicos,
morfológicos, sintáticos e lexicais, noções de comunidade linguística, significados e
papéis sociais passam a ser analisados.
Beline (2002) define a sociolinguística como a:
“área da ciência da linguagem que procura, basicamente, verificar de que
modo fatores de natureza lingüística e extralingüística estão
correlacionados ao uso de variantes nos diferentes níveis da gramática de
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