Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 1232

situações externas e a natureza dos objetos propiciam uma repetição do modo como o
indivíduo se conduziu em sua infância. A transferência não acontece exclusivamente na
clínica psicanalítica, pois se trata de um
modus operandi
para a vida em geral (FREUD,
1996 [1929]).
Quando do processo psicanalítico, Freud (1996 [1912]) sugere que o analista
seja objeto de tais transferências e as supere, revelando ao paciente que este está
repetindo algo que lhe aconteceu anteriormente, de forma a se tornarem conteúdos
conscientes e, assim, dar ao paciente a possibilidade de superá-los.
Para Freud (1996 [1915]), quando experiências desagradáveis acontecem aos
neuróticos, estes tendem inicialmente a supervalorizá-las, porém, em seguida poderão
vir a reprimi-las, esquecendo-as depressa. Entretanto, segundo Freud (1996 [1915],
p.153), tais experiências continuam a existir no âmbito do inconsciente, “se organizando
ainda mais, dando origem a derivados, e estabelecendo ligações”. Levando estes
conteúdos para outras experiências da vida, este sujeito terá seu olhar influenciado por
tais acontecimentos: mesmo que não se mostre objetivamente, o inconsciente está
presente em todas as ações humanas, pois ele é constituinte do psiquismo.
Freud (1996 [1915], p.230) cita, ainda, a projeção como uma “externalização
de um processo interno”, projetando para fora – em algo ou alguém - aquilo que não
pode ver em si mesmo. Diante de tudo isso, parece correto afirmar que os sujeitos
poderão reagir de formas diferentes a situações semelhantes. No entanto, ao
evidenciarmos isso em terapia, possibilitamos o reconhecimento das ações,
identificando formas de lidar com as mais variadas situações da vida.
Verificamos, portanto, que os conteúdos inconscientes influenciam nosso olhar
para o mundo, e, ao desvendarmos esse olhar podemos descobrir coisas que estavam
ocultas. Seguindo a lógica da psicanálise, identificando tal projeção e externalizando-a
verbalmente, poder-se-ia proporcionar ao sujeito minimamente um alívio psíquico ou
terapêutico.
Nos escritos de Freud (1996 [1932], p.84), podemos ler sobre a busca da
ampliação do ego, tornando-o, o quanto possível, independente do superego, quando
este diz:
Pode-se admitir que os intentos terapêuticos da psicanálise têm escolhido
uma linha de abordagem [...] Seu propósito é, na verdade, fortalecer o ego,
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