LENDO A SI MESMO: A LEITURA DE LITERATURA E AS CONSTRUÇÕES
DE LINGUAGEM
Cléria Mariano da SILVA
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RESUMO
Propusemo-nos a discutir a singularidade da leitura, no que se refere ao olhar do leitor e
sua apropriação do texto. Relacionamos a contribuição de Vygotsky sobre a construção
de sentido das palavras, e a concepção freudiana de inconsciente frete a essa construção.
Vygotsky concebe que para a compreensão das palavras o sujeito considera seus
sentidos e significados derivados de processos históricos, que dependem da interação
entre os sujeitos e suas formas de ver e estar no mundo. No que tange à psicanálise,
apontamos que ela nos dá subsídios para uma possível compreensão da natureza da
relação entre texto e leitor, pois mostra os mecanismos psíquicos envolvidos no
processo de dar sentido à obra literária. Salientamos que o inconsciente está presente em
todas as ações humanas, pois, em verdade, trata-se da própria constituição do
psiquismo. O sentido dado ao texto seria a manifestação de sua subjetividade, com seus
irredutíveis conteúdos inconscientes.
Palavras-chave: Inconsciente. Leitura. Linguagem. Literatura. Subjetividade.
A história da escrita e da leitura, para os arqueólogos, segundo Manguel
(1997), iniciou-se por volta do quarto milênio a.C. e sua função era perpetuar
conhecimentos, passando-os de geração a geração, mas os símbolos impressos na argila
só exerciam sua função se lidos, decifrados, por alguém. Manguel (1997) fala que vários
pensadores, ao longo da história, têm se mostrado intrigados pela capacidade humana de
capturar imagens com os olhos e dar sentido a elas, assim como fazemos ao ler,
decifrando símbolos impressos.
Estudos de neurolinguística, sobre a relação entre cérebro e linguagem,
começaram em 1865 (MANGUEL, 1997). Mas, segundo o autor supracitado,
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Universidade Metodista de São Paulo,
