Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 1228

pesquisadores como Huey, desde 1908, já acreditavam que descobrir exatamente o que
fazemos ao ler seria uma das maiores descobertas da Psicologia, pois se trata de uma
das mais complexas realizações da mente humana. Concordando com isso, al-Haytham
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(1004 apud MANGUEL, 1997, p.47) acreditava que o papel dos leitores talvez fosse o
de “tornar visível àquilo que a escrita sugere em alusões e sombras”.
Intrigados com tal incógnita, nossa proposta é discutir a singularidade da
leitura, no que se refere ao olhar do leitor e sua apropriação do texto - a percepção única
do individuo que, ao decifrar o texto literário, está propenso a transformá-lo enquanto
este o transforma, numa relação intrínseca entre leitor e texto, construindo sentidos e
sendo construído por eles. Desta forma, descobre-se a capacidade que temos para extrair
histórias de símbolos, extraindo de objetos conhecimentos e sentimentos. Explorando o
tema, pudemos buscar bibliografias que nos falam sobre esse mundo, que parece se
encontrar entre fantasia e realidade.
O fenômeno ler
Para Vygotsky (2005), no que se refere ao pensamento e a palavra, os
significados da última é instável e acumulativo. Para o autor, a atribuição de
pensamento dada a uma determinada palavra se modifica, entre outras coisas, na medida
em que o sujeito se desenvolve. Com isso podemos dizer que uma palavra poderá
estimular dois sujeitos que a pronunciam, lêem ou ouvem, mesmo que simultaneamente,
de formas distintas. As palavras poderão conter significados adicionados pelo acúmulo
de experiências e sentimentos próprios de cada sujeito, remetendo-os a outros e novos
pensamentos de significados próprios e singulares. O significado de uma palavra para o
sujeito o remeterá a pensamentos dotados de palavras, remetendo-o a novos
pensamentos. Em outras palavras, Vygotsky (2005, p.156) diz: “a relação entre o
pensamento e a palavra não é uma coisa, mas um processo, um movimento continuo de
vaivém do pensamento para a palavra, e vice-versa.”
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Segundo Manguel (1997), al-Haytham foi o fundador da “Casa da Ciência” no Cairo, dedicada ao povo
Islâmico.
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